Há 3.000 anos ocorreu o ataque de tubarão mais antigo registrado

Cientistas acreditam ter datado a mais antiga morte por ataque de tubarão registrada. A conclusão resolve uma investigação de mais de um século, envolvendo um esqueleto — conhecido como Tsukumo Nº 24 —  encontrado sem uma perna, uma mão e os dois pés.

Tsukumo foi encontrado em 1860, em um cemitério antigo do Japão, descoberto por acaso. Desde o achado, chamou a atenção as centenas de cortes e contusões violentas nos ossos, mas arqueólogos nunca conseguiram estabelecer o que os causou.

O artigo publicado Journal of Archaeological Science e liderado pela pesquisadora J. Alyssa White, da Universidade de Oxford, marca o fim do mistério e coloca a culpa da morte em um tubarão-branco ou tubarão-tigre — talvez um grupo deles.

A vítima provavelmente foi encontrada em uma praia e sepultada, seguindo rituais do período conhecido como Jōmon, que designa diversos povos que habitaram o arquipélago japonês de 14.000 a 300 a.C.. Testes revelaram que o esqueleto tem cerca de 3.000 anos.

O carbonato de cálcio presente em abundância nas conchas da região acidentalmente preservou o esqueleto da vítima.

Uma série de observações nos padrões das marcas nos ossos descartou um combate corpo a corpo, pela incompatibilidade das contusões com as ferramentas utilizadas na época.

Além disso, as garras e presas dos predadores carnívoros do Japão — essencialmente lobos e ursos marrons — também não eram compatíveis com as marcas no esqueleto. Assim, o caso permaneceu em aberto por mais de um século.

Uma análise histórica começou a apontar uma direção: os povos Jōmon eram conhecidos por pescar e coletar bens marinhos. Esse detalhe foi observado por Rick Schulting, professor de arqueologia científica e pré-histórica da Universidade de Oxford, co-autor do estudo.

Para ele, a morte foi obra não apenas de um, mas possivelmente de dois tubarões de grande porte.

Ao todo foram identificadas 790 lesões de dentes no esqueleto, com o uso de uma ferramenta que recriou os ossos da vítima com tecnologia 3D e tomografias. Todas as marcas foram consideradas compatíveis com dentes de tubarão durante um ataque.

Após matarem a charada do mais antigo ataque fatal de tubarão registrado, e detalhar suficientemente as conclusões, os cientistas ainda especularam o quanto Tsukumo Nº 24 sofreu.

É bem possível que uma das primeiras mordidas tenha amputado a perna dele, o que o deixou inconsciente e matou rapidamente. Em outras palavras, ele não sentiu todos os cortes no esqueleto dele.

Mas, caso a mão tenha sido o primeiro alvo, ele sofreu muito mais e viu a pele e depois os ossos do membro virarem refeição de um gigante predatório.

Ainda que o estudo tenha descrito uma pequena história de terror de 3.000 anos, os autores ressaltam que ataques de tubarões são relativamente raros.

Segundo George Burgess, pesquisador do International Shark Attack File e consultor externo da pesquisa, ocorrem 75 ataques de tubarões por ano, apenas seis fatais. Para ter uma proporção, a humanidade mata cerca de 100 milhões de tubarões anualmente, segundo ele.

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