O presidente do Chile, Gabriel Boric, afirmou hoje (22), em Brasília, em encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que o Corredor Rodoviário Bioceânico é prioritário para a integração Brasil-Chile.
A declaração foi feita durante cerimônia de assinatura de 13 acordos e memorandos entre os dois países, em diversas áreas como justiça e segurança pública, defesa, ciência e tecnologia, cultura, pesca e aquicultura, agricultura, pecuária e inteligência artificial.
A Rota Bioceânica é uma estrada de mais de 3.300 km, ligando os portos do Sul e Sudeste do Brasil, no Oceano Atlântico, com portos do Chile, no Oceano Pacífico. A iniciativa, considerada estratégica pelos países envolvidos, atravessará Brasil, Paraguai, Argentina e Chile, e promete fortalecer o comércio sul-americano com o mercado do Pacífico asiático.
A expectativa é que o corredor reduza em até 10 dias o tempo de transporte de cargas entre regiões do interior do Brasil e países como China, Coreia do Sul e Japão.
Na semana passada, o presidente do Chile apresentou, juntamente com ministros e autoridades do país, o Plano de Ação para a Implementação do Corredor Rodoviário Bioceânico no Chile, que vai ligar a malha rodoviária que corta o Brasil e o Paraguai aos portos do norte do Chile (Antofagasta, Iquique e Mejillones).
Para viabilizar esse empreendimento, o Chile vai implementar 22 projetos de infraestrutura, que preveem reformas em estradas; construção de pontos de descanso para caminhoneiros; modernização de terminais portuários; e novos centros alfandegários e de controle de fronteira.
A implementação da Rota é um dos principais temas da visita oficial de Boric ao Brasil. Tanto que o assunto foi tratado em reunião bilateral com o presidente Lula, na manhã de hoje. Após essa reunião, foram assinados os 13 acordos e memorandos.
Em declaração à imprensa, Boric destacou que amanhã participa do Fórum Empresarial Brasil-Chile para debater o projeto Rotas de Integração Sul-Americana, ressaltando que essa rota “é muito importante para conectar o Brasil com o Pacífico e o Chile com o Atlântico, onde estão envolvidos Argentina e Paraguai também. Isso é integração. Não é somente retórica, não é só das cúpulas, mas sim integração completa em benefício de nossos povos, que vai trazer maior desenvolvimento, dinamismo e maior integração.”
De acordo com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), o Brasil é o principal destino das exportações chilenas na região, e o Chile é o terceiro maior mercado para os produtos brasileiros.
De janeiro a março de 2025, o intercâmbio comercial entre os países foi de cerca de US$ 2,7 bilhões. No período, o Brasil exportou US$ 1,56 bilhão e importou US$ 1,21 bilhão, o que resultou em um superávit de US$ 350 milhões.
Fórum
Por isso, amanhã será realizado o Fórum Empresarial Brasil-Chile para debater o projeto Rotas de Integração Sul-Americana, com a participação de Gabriel Boric, da ministra do Planejamento e Orçamento Simone Tebet, e do ministro da Economia do Chile, Nicolas Grau.
A apresentação de Tebet vai focar nos avanços da Rota Bioceânica de Capricórnio. O projeto liga portos brasileiros nos estados de São Paulo, Paraná e Santa Catarina, passando por Mato Grosso do Sul, aos portos de Iquique, Mejillones e Antofagasta, no Chile.
Este corredor ganhou força com a guerra tarifária entre os Estados Unidos e a China e as disputas pelo Canal do Panamá entre as duas potências nos últimos meses. A China está empenhada na construção de novas rotas para conectar o Atlântico e o Pacífico, possibilitando redução no tempo de transporte de mercadorias e diminuição dos custos com as exportações brasileiras, principalmente de produtos agrícolas — setor em que o Centro-Oeste do Brasil é um dos maiores produtores mundiais.
“Será um momento fundamental porque fortalecerá os laços de confiança entre os setores público e privado dos dois países. Cada um está em uma ponta: o Chile diante do Pacífico e o Brasil diante do Atlântico. A Rota Bioceânica permitirá uma aproximação que trará mais empregos e mais renda para os dois países”, afirma Tebet.
A Rota Bioceânica de Capricórnio é uma das cinco previstas no projeto de integração sul-americana, desenhadas pelo Ministério do Planejamento e Orçamento após consulta aos 11 estados brasileiros que fazem fronteira com os países da América do Sul.