Na Semana do Meio Ambiente, pesquisas revelam que questão está entre principais problemas em Jardim, Bonito e Bodoquena

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Pesquisas realizadas pelo Instituto Ranking Brasil Inteligência, sob encomenda do site Diário MS News, no período de 24 a 27 de maio, junto a 1.500 moradores com mais de 16 anos de idade nos municípios de Jardim, Bonito e Miranda, revelaram que no quesito “Maiores Problemas do Município” a questão ambiental está incluída.

Para o cientista político Antonio Ueno, diretor-presidente do Grupo Ranking, na semana em que se comemora o Meio Ambiente, um levantamento apontar que os moradores de municípios que exploram o ecoturismo é de extrema relevância e demonstra que os próximos gestores municipais dessas três cidades que serão eleitos ou reeleitos nas eleições municipais do próximo ano precisam ter um olhar especial para a preservação da natureza.

“As nossas pesquisas levantaram situações interessantes além da parte política, como, por exemplo, a questão do meio ambiente, que preocupa os moradores de Jardim, Bonito e Bodoquena. Nesses municípios, a população está preocupada com o fato de os produtores rurais estarem plantando soja na beira dos rios e das nascentes que alimentam o complexo turístico da região, como as cachoeiras e os rios cristalinos. São dados que a gente vai levantando e repassando para a população, publicando em nossos sites essas informações para que as pessoas comecem a comentar para tomar as decisões em relação à política do ano que vem”, ressaltou Tony Ueno.

No caso de Jardim, 9% dos 500 entrevistados pelo Instituto Ranking Brasil Inteligência apontaram como um dos principais problemas do município a falta de preservação dos rios e do meio ambiente, enquanto em Bonito esse percentual foi de 10,8%, sendo que no município 5,8% dos 500 entrevistados ainda citaram como um dos principais problemas a plantação de soja perto das nascentes dos rios. Já em Bodoquena 11% dos 500 entrevistados apontaram como um dos principais problemas a falta de preservação do meio ambiente.

SOS Pantanal

A preocupação ambiental não é exclusividade da população desses três municípios turísticos de Mato Grosso do Sul. Aqueles que também fazem parte do Pantanal Sul-Mato-Grossense têm demonstrado uma certa apreensão com a preservação do bioma, uma região peculiar não só pelas suas belezas naturais como também pelo papel que desempenha na conservação da biodiversidade.

Também chamado de “reino das águas”, esse imenso reservatório de água doce é muito importante para o suprimento de água, estabilização do clima, além de ser um santuário para diversas espécies ameaçadas de extinção no Brasil, como a onça-pintada, a ariranha e a arara-azul. A planície pantaneira sempre foi reconhecida por seu potencial na produção pecuária, uma atividade que se desenvolve sem causar grandes danos à vegetação nativa do bioma.

Porém, a estiagem prolongada dos últimos anos e a melhoria do acesso permitiram que novas atividades econômicas sejam vislumbradas para a região, o que causa grande preocupação devido à lacuna da legislação estadual. Atualmente existem menos de três mil hectares plantados com soja dentro da planície pantaneira em Mato Grosso do Sul, nos municípios de Coxim, Miranda e Aquidauana.

Pode parecer um número pequeno, porém, há um potencial de crescimento vertiginoso destas áreas nos próximos anos, podendo causar um dano ambiental em larga escala. Os investimentos em infraestrutura em estradas e aterros dentro da planície vão facilitar a produção e seu escoamento em um futuro próximo. Na prática, temos um exemplo na região da cidade vizinha ao Pantanal, Bonito, que tem seus principais rios corpos d’água ameaçados pelo avanço do cultivo de soja em regiões de banhado, sensíveis a qualquer alteração.

A morosidade do Estado em pautar ou observar esse avanço fez com que ele fosse desordenado e sobre áreas ambientalmente sensíveis a um custo enorme para a região. Já no Pantanal, por ser uma planície alagável, o risco de uma produção agrícola em larga escala é enorme, devido à utilização de moléculas de ação biocida (inseticidas; fungicidas; herbicidas; e nematicidas) visando o controle de pragas, doenças e plantas invasoras. Grande parte destes produtos possuem compostos potencialmente poluidores, como metais pesados, surfactantes, emulsificantes, dentre outros.

Quando entram em contato com o solo, não há barreira física alguma que impeça a contaminação da água de todo o sistema por essas substâncias, que afetarão o delicado ecossistema que é abrigo de uma rica biodiversidade e de populações tradicionais que ali vivem. Mato Grosso do Sul tem 35,7 milhões de hectares em sua totalidade e, em 2021/2022, 3.7 milhões de hectares foram utilizados para o plantio de soja (11% do Estado).

Porém, existem atualmente 8 milhões de hectares de áreas degradadas no Estado que poderiam ser convertidas em plantio. Pelo menos metade desta área poderia ser destinada para soja, mostrando que não existe a necessidade do avanço dessa prática para dentro de uma área tão sensível como o Pantanal. Por isso, o Instituto SOS Pantanal, que atua na conservação do Pantanal, promovendo o aprimoramento de políticas públicas, a divulgação de conhecimento e o desenvolvimento de projetos para o uso sustentável do bioma, está com uma campanha de sensibilização da sociedade, da opinião pública em geral e da classe política de Mato Grosso do Sul.

O objetivo é discutir o avanço da soja e a entrada da agricultura de alto impacto no Pantanal Sul. O Estado vizinho, Mato Grosso, já tem uma legislação que impede o cultivo de soja na planície. Mato Grosso do Sul deveria seguir o mesmo caminho para evitar problemas futuros. O Instituto SOS Pantanal considera possível a criação de mecanismos na legislação para compensação específica nessa área agricultável dentro do Pantanal sul, versus falta de reserva legal fora dele.

Essa é uma maneira de reconhecer os esforços de proprietários que estão protegendo o solo dentro da planície, sem que sejam prejudicados financeiramente. O Instituto SOS Pantanal reafirma seu compromisso com o desenvolvimento sustentável do Pantanal e reforça que sua principal agenda sempre foi, e continua sendo, o desenvolvimento econômico aliado à conservação do meio ambiente. A produção agropecuária conduzida de forma sustentável, aliada ao desenvolvimento do ecoturismo é o caminho rumo a esse objetivo.

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