A reportagem publicada pelo site Diário MS News sobre o fato de o médico-cardiologista Ricardo Ayache ter gastado mais de R$ 100 milhões da Cassems (Caixa de Assistência dos Servidores de Mato Grosso do Sul) na construção e reforma de hospitais em Campo Grande, Corumbá, Dourados, Três Lagoas, Jardim, Naviraí, Nova Andradina, Paranaíba, Ponta Porã, Aquidauana e Coxim nos últimos 13 anos em que está à frente da presidência virou um verdadeiro mural de reclamações dos internautas no Facebook contra a má gestão do plano de saúde dos servidores públicos estaduais e municipais.
Para os internautas, a maioria beneficiários da Cassems no Estado, a má qualidade dos serviços oferecidos pelo plano de saúde são um reflexo da péssima gestão do presidente Ricardo Ayache no comando da instituição. O internauta E. O., por exemplo, exige transparência já na administração da Cassems e cobra mais respeito com os servidores que pagam pelo plano de saúde.
“Queremos transparência já! Atendimento de qualidade, respeito ao servidor, zelo e presteza com a coisa pública! Queremos uma investigação já (CPI) e alternância na administração, pois há tempos não se via tanta incompetência na administração e ingerência seguido de irresponsabilidade com a prestação de contas e falta de respeito com seus associados”, escreveu.
Já para o internauta J. Ferreira a culpa é do próprio servidor, pois o presidente Ricardo Ayache está no quarto mandato e ninguém percebeu sua incompetência. “O diretor está no quarto mandato, ninguém percebeu nada, não é possível, agora ficam chorando, o camarada é político radical da esquerda, e a mesma linhagem que dirige o Brasil”, reclamou.
O internauta W. S. R. lembrou que quando Ricardo Ayache estava em campanha para a reeleição dizia que as contas estavam em dia. “Uma vergonha isso. Deviam investigar”, cobrou. Já a internauta S. V., que é do interior do Estado, ressaltou que na cidade dela a Cassems também deixa a desejar. “Se está difícil na Capital, imagina para nós do interior. A Cassems deixa muito a desejar e mais está muito cara a contribuição”, ressaltou.

A internauta B. M. acrescentou que construíram hospitais e detonaram a rede de médicos e dentistas. “No interior não tem um profissional que atende Cassems”, afirmou. S. Santos postou que agora está explicado. “Quando a administração é ruim, isso se espalha por toda a empresa. Por isso que a Cassems é uma porcaria!”, assegurou.
A usuária A. R. vai mais longe e cobra providências do Ministério Público. “O MP deve abrir uma CPI para investigar a Cassems, os descontos são altos e a falta de especialistas também e, por isso, muitos colegas se desligaram do plano. Em Três Lagoas, o hospital continua do mesmo jeito de anos atrás. Será que realmente foi investido esse valor? Muitos profissionais não querem trabalhar na Cassems, dizem que pagam mal e o servidor se lascando”, escreveu.
Até o início da manhã desta sexta-feira (29/09) eram centenas de comentários de internautas criticando o plano de saúde e cobrando providências das autoridades sobre a má gestão praticada pelo presidente Ricardo Ayache. Vale lembrar que, após gastar mais de R$ 100 milhões da Cassems em 13 anos, o presidente teve de pedir socorro de R$ 60 milhões ao Governo do Estado para não deixar 215 mil usuários, entre servidores públicos estaduais e municipais e seus dependentes, sem assistência médico-hospitalar.
Apenas com a sua primeira Unidade Hospitalar em Campo Grande nos altos da Avenida Mato Grosso, Ricardo Ayache gastou, em 2016, mais de R$ 84 milhões. Também em 2016 ele lançou a pedra fundamental para a edificação do Hospital da Cassems em Corumbá, orçado em R$ 10 milhões, enquanto no ano seguinte, em 2017, inaugurou um Centro de Prevenção em Saúde no Hospital da Cassems em Dourados ao custo de R$ 2,5 milhões.
Gastando como se não houvesse amanhã, o presidente da Cassems não temia chegar ao fundo do poço, pois sabia que poderia contar com a mão amiga do Governo do Estado. Dito e feito, como o dinheiro acabou com as construções e reformas de hospital, a saída foi buscar socorro na administração pública estadual, que anunciou aporte de R$ 60 milhões para ajudar a Cassems com a contrapartida de a rede reduzir a contribuição em 22%, passando de R$ 45 para R$ 35 por beneficiário.
Nesse sentido, encaminhou um projeto de lei para ser aprovado pela Assembleia Legislativa sob a justificativa que a ajuda seria um reconhecimento à contribuição da Cassems no período da pandemia da Covid-19. A matéria foi aprovada em segunda discussão, na sessão plenária, do dia 31 de agosto, na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, por 18 votos a favor e 5 contrários, seguindo para sanção do governador. De acordo com a proposta, a Cassems deve receber o aporte financeiro dividido em duas parcelas, uma paga ainda este ano e a outra em 2024.
O Diário MS News encaminhou e-mail para a assessoria de imprensa do Governo do Estado para saber de onde vai sair esse recurso (R$ 60 milhões) para a Cassems. Após 3 dias ainda não tivemos resposta.
Outro lado
Por parte da Cassems, o montante será pago com o que deixará de arrecadar com a redução da “contribuição fixa por beneficiário” para R$ 35,00, que ainda amplia o acesso a tratamentos odontológicos e em que seja necessário o uso de materiais de “Órtese, Prótese e Materiais Especiais – OPME”.
A Contribuição Fixa por beneficiário mensal é limitada a R$ 140 por grupo familiar natural, não abrangendo os agregados que contribuirão com o valor individual de R$ 35,00, evitando que novas dívidas sejam contraídas pelos beneficiários com o plano de saúde.
As medidas foram encaminhadas em reunião, realizada em agosto, entre a gestão do plano de saúde, a Comissão Mista da Assembleia Legislativa, o Governo do Estado e entidades representativas dos servidores públicos. O Governo do Estado enviou à Casa de Leis um projeto de lei que prevê a concessão de aporte de R$ 60 milhões, disponibilizados em duas parcelas para a Caixa dos Servidores, o qual foi aprovado em duas votações e devolvido para que seja sancionado.
No modelo de contribuição anterior, beneficiários do plano pagariam uma coparticipação de 20% de ‘Órtese, Prótese e Materiais Especiais – OPME’, cobrança prevista no Estatuto do plano de saúde, por procedimento realizado. Com isso, atualmente, a Cassems tem cerca de 18 mil pessoas em débito com o plano, que são dívidas adquiridas em razão de tratamentos e terapias em que houve a necessidade de “Órtese, Prótese e Materiais Especiais – OPME”.
De acordo com o presidente da Cassems, Ricardo Ayache, o objetivo é buscar a sustentabilidade do plano de saúde. “Compartilhamos todos os componentes para o cenário em que a Cassems se encontra hoje e, como primamos, sempre, pela lisura e transparência em nossa administração, as partes envolvidas compreenderam a nossa realidade e construíram uma proposta. O nosso objetivo comum era enfrentar esse momento com seriedade e minimizar, o máximo possível, o impacto financeiro para o servidor público e seus familiares”.
Participaram da reunião o presidente da Cassems, Ricardo Ayache, o governador do Estado, Eduardo Riedel, o secretário de Governo e Gestão Estratégica, Pedro Caravina e os deputados estaduais que participam da comissão mista Londres Machado, Coronel David, Pedro Kemp, Lia Nogueira e Roberto Hashioka, o conselheiro de Administração da Cassems, Lauro Davi, o conselheiro fiscal da Cassems, Wilson Xavier, o representante do Fórum dos Servidores Públicos, Thiago Mônaco, o presidente da Fetems, Jaime Teixeira, e o vice-presidente da Feserp, Michel Vaz.