Pesquisa desenvolvida por cientistas alemães e ingleses avaliou o efeito causado por uma boa relação sexual nas funções nasais
As temperaturas pra lá de altas podem até enganar, mas ainda estamos na primavera. E é justamente nesse período que muitas pessoas precisam lidar com crises constantes de rinite alérgica, causadas, principalmente, pela grande quantidade de pólen liberada pelo desabrochar das flores. Com isso, o nariz pode entupir, e a respiração não fica das melhores. Isso, aliado ao calor e à chuva que nem sempre vem, pode tornar a situação ainda mais desconfortável. Mas a solução para esse problema, ou pelo menos uma ajudinha para aliviar esse sintoma, pode vir de um tratamento bem prazeroso. É isso o que aponta um estudo desenvolvido por pesquisadores alemães e ingleses, segundo o qual uma relação sexual satisfatória pode ter o mesmo efeito de um descongestionante nasal.
Para chegar a essa conclusão, a pesquisa, publicada em 2021 no periódico científico “Ear, Nose & Throat Journal”, acompanhou 18 casais heterossexuais e avaliou a respiração nasal de cada um dos participantes em cinco momentos diferentes – antes do sexo, logo após o orgasmo, 30 minutos depois do clímax, uma e três horas depois de a relação ter acontecido. Os casais também tiveram a respiração medida após a aplicação de descongestionantes.
Após a comparação dos dados, os pesquisadores verificaram que a relação sexual com orgasmo melhora a respiração nasal em um grau semelhante ao proporcionado pela aplicação de sprays para descongestionar o nariz. O efeito dura até 60 minutos. O estudo ainda mostrou que, três horas após a relação sexual, a respiração já havia voltado ao nível inicial; já com a aplicação dos sprays o efeito era mais duradouro.
Os estudiosos destacaram que a melhora foi observada apenas em pacientes que tinham obstrução nasal e apontaram, também, que seria válido estudar se os efeitos seriam semelhantes após a masturbação, o que tornaria a prática uma alternativa natural ao uso de descongestionantes.
Em um artigo publicado em 2018 pela Cleveland Clinic – um dos centros médicos acadêmicos mais respeitados do mundo –, o otorrinolaringologista Michael Benninger também chamou a atenção para esse benefício inusitado da relação sexual. Conforme o especialista, a melhora na respiração tem duração de 45 minutos a uma hora e acontece porque, durante a excitação, o sistema nervoso simpático – aquele que ativa a resposta de lutar ou fugir – entra em ação. E, semelhante ao que acontece quando praticamos um exercício físico, o sexo faz com que os níveis de adrenalina aumentem e os vasos sanguíneos do nariz se contraiam. Com isso, há uma diminuição do fluxo sanguíneo na região, o que significa menos inflamação e, consequentemente, menos inchaço dos tecidos que podem obstruir o nariz, o que faz com que a respiração fique mais fácil.
E muito mais
Mas não é só a respiração que pode melhorar após uma relação sexual satisfatória. A sexóloga Enylda Motta cita que transar ajuda a diminuir o estresse, faz bem para a pele e até para o coração. “O sexo aumenta a endorfina, e ela alivia sensações dolorosas. É o analgésico, só que fabricado pelo nosso corpo”, acrescenta. Ela lista ainda outros benefícios, que vão desde o fortalecimento dos músculos até o aumento das defesas do organismo. “Existem pesquisas que mostram que pessoas felizes têm boa resposta imunológica, e o sexo faz parte disso”, explica. Além do impacto fisiológico, uma boa transa pode gerar melhora psicológica, como o aumento da autoestima e a diminuição do estresse, da irritação e do baixo-astral.
Da mesma forma que o sexo pode contribuir de maneiras variadas para o corpo e para a mente, a falta de relações sexuais também pode ter impactos. “Ela pode trazer sofrimento psíquico e físico, como tristeza, irritabilidade, aumento da agressividade, queda da imunidade e insônia”, explica Enylda.
Para melhorar a qualidade sexual e garantir os benefícios de uma boa transa, a sexóloga dá algumas dicas. “Diálogo sempre, namorar, seduzir, ter momentos de lazer e prazer sozinho e a dois, se tocar, explorar o corpo e a mente, já que o sexo começa no cérebro, diminuir o estresse do dia a dia, praticar atividade física e, claro, um relacionamento saudável também faz uma grande diferença”.