Bolsonaritas e tucanos se dividiram nos apoios à reeleição de Adriane Lopes (PP) e na eleição de Rose Modesto (União Brasil) e tornou a atual disputa pela Prefeitura Municipal de Campo Grande a mais acirrada em 28 anos. Desde 1996, quando a disputa entre MDB e PT terminou com a vitória de André Puccinelli (MDB) por apenas 411 votos, nunca mais a cidade teve uma polarização tão acirrada.
Cortejado por Adriane desde o ano passado, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ignorou os apelos da progressista e até atropelou um acordo firmado com a senadora Tereza Cristina e acabou optando pela candidatura do deputado federal Beto Pereira (PSDB). O fato causou revolta em parte dos bolsonaristas, como o ex-deputado estadual Rafael Tavares (PL), e o então presidente estadual do PL, o deputado federal Marcos Pollon.
No entanto, o apoio de Bolsonaro nem do governador Eduardo Riedel (PSDB) foram suficientes para colocar Beto no segundo turno. Sem alternativa, o ex-presidente se reuniu com Tereza Cristina logo após o segundo turno e anunciou apoio à reeleição de Adriane. Ao contrário do tucano, o ex-presidente não se reuniu, ainda, com a atual prefeita.
Contudo, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) veio à Capital na última quinta-feira (19) para pedir votos para Adriane Lopes. Outros bolsonaristas, como a vereadora eleita, Ana Portela (PL), subiram no palanque da progressista.
Até o Rafael Tavares, eleito vereador e crítico da gestão de Adriane, principalmente pela falta de remédios nos postos de saúde, decidiu esquecer as críticas do passado e anunciou apoio à prefeita. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) também gravou um vídeo de apoio à reeleição de Adriane.
Bolsonaristas com Rose
No entanto, o bolsonarismo não marchou unido no segundo turno. O primeiro anunciar apoio a Rose foi o deputado estadual João Henrique Catan (PL), que foi candidato a prefeito na última eleição e defendeu o lançamento de uma candidatura própria. Ele gravou vídeos defendendo o voto em Rose e foi para as ruas pedir voto para a ex-superintendente da Sudeco.
Outra estrela do bolsonarismo, o ex-deputado estadual Capitão Contar (PRTB), anunciou, nesta sexta-feira, apoio a Rose. Ele lembrou que a ex-deputada federal, que foi candidata a governador em 2022, apoio-o no segundo turno e como forma de gratidão retribuiu o apoio neste ano.
O racha no bolsonarismo levou o jornal Correio do Estado, com base em “fontes”, divulgou que Bolsonaro ameaçou “ripar” quem não seguisse a orientação de apoiar Adriane. Em áudio divulgado neste sábado, o ex-presidente desmentiu a matéria.
Em um movimento semelhante a campanha de 2022, quando apoiou Capitão Contar no primeiro turno e ficou neutro no segundo, Bolsonaro deixou claro que não vai punir ninguém que subir no palanque de Rose Modesto. Apesar de deixar claro que apoia Adriane, ele disse que não falou nada sobre a outra candidata.