Porto Sinjão

Por Leonardo Leite de Barros – 

Sebo velho, vaqueiro pantaneiro, canoeiro de fama, homem de poucas palavras, chama todo mundo pelo mesmo nome :“ Seu Coisa “
Cuidava do Sinjão, porto na beira do Taquari. Rio afamado, quando subia peixe, incomodava. O barulho dos pacus, pintados e outros viventes atrapalhava a pantaneirada dormir.

“ Alô 746, Sinjão chamand , venha de lá Sebo, na escuta”.

O Pantanal, naquele tempo, tinha três tipos de comunicação: um próprio, a cavalo, alô Pantanal e uma geringonça grande que chamávamos de rádio. Para falar naquilo tinha que ter PHD, seria hoje como falar mandarim.

“Olha, Taquari barulhou”, falou o pantaneiro. Entrei na velha C10 preta e branco e flechei para Nhecolandia.

Cheguei no Sinjão, Taquari velho barulhando. Pulamos na chalana e subimos as águas barrentas. Escolhi a dedo o lugar: “para ali Sebo, é já que viro a cara de um gamela”.

Uma hora depois, sem nem um belisco, olho desolado pro Sebo: “tá ruim de peixe”, o velho pantaneiro, com aquela ironia característica da nossa gente falou: “você tá pescando no seco, aí não tem peixe”. Indaguei intrigado o porquê ele não tinha me avisado, novamente aquele olhar: “você não perguntou Seu Coisa…“

Naquele dia comemos um pacu de papo amarelo, frito e ensopado com mandioca.

Saudades do meu amigo de lida e pescaria, saudades do meu Taquari!

Pecuarista Pantaneiro

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