Um dia após registrar recorde no número de mortes por Covid-19, com 2.841 óbitos contabilizados oficialmente em 24h, o Brasil tem nesta quarta-feira (17) outra marca que expõe a complexidade da crise de saúde pública que atinge o país durante o enfrentamento da pandemia do coronavírus. São 16 estados em colapso, com taxas de ocupação de leitos de UTI superiores a 90%.
O quadro é ainda mais grave em 3 estados – Mato Grosso (104,2%), Mato Grosso do Sul (102%) e Rondônia (100%) – que possuem 100% dos leitos da rede pública de saúde ocupados, ou seja pacientes com casos graves de Covid-19 aguardam na fila de espera para serem internados.
Levantamento feito pela CNN junto às secretarias de Saúde estaduais mostra ainda que 24 estados e o Distrito Federal estão com taxas de ocupação dos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) acima de 80%. Apenas dois (Rio e Roraima) ainda não passaram da marca.
Os estados e municípios geram os dados a partir de critérios diferentes, como a situação da rede pública e privada, a ocupação de UTI adulta, pediátrica e de Covid-19, assim como a taxa total que reúne todas as informações.
Puxada por dois estados acima de 100% da ocupação, a região Centro-Oeste vive a crise mais intensa do país porque, além de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, Goiás (97,7%) e o Distrito Federal (89%) também apresentam taxas exorbitantes de interações em UTI. Especialistas ouvidos pela CNN explicam que níveis de ocupação acima 90% já configuram colapso, porque não há margem para rotatividade dos pacientes nos leitos.
Logo atrás da região Centro-Oeste vem o Sul, cujos três estados que formam a região estão colapsando simultaneamente. Paraná (96%), Santa Catarina (97,3%) e Rio Grande do Sul (99,6%) permanecem há semanas em níveis muito elevados.
O Norte do país também tem uma grave crise instalada, com Acre (95,3%), Tocantins (92%), Rondônia (100%), Amapá (91%) e, com ressalvas ao Pará (80,9%), em níveis muito elevados de internações, e com uma demanda crescente por leitos. Apenas Roraima (68%) está abaixo da faixa de 80% e ainda consegue manter o sistema de saúde público com condições de atender os pacientes.
O mesmo é observado no Nordeste, uma região que reúne o maior número de estados brasileiros, são 9 no total, e tem atualmente 5 unidades federativas com taxas de ocupação acima de 90%. Pernambuco (96%), Sergipe (91%), Ceará (92,4%), Piauí (91%) e Rio Grande do Norte (93%) apresentam os piores índices.
Restam apenas Alagoas (88%), Bahia (86%), Paraíba (85%) e Maranhão (87,5%), operando as unidades de terapia intensiva com níveis mínimos de condições que permitam a garantia de leitos aos pacientes mais graves.
O Sudeste, onde somente o Rio de Janeiro (78,8%) está abaixo da marca de 80%, observa um crescimento cada vez mais rápido da demanda por leitos de UTI. No domingo (14), nenhum dos estados da região havia superado 90% de internações; hoje, no entanto, o Espírito Santo opera com 91% da capacidade ocupada, São Paulo está no limite do colapso com 89,9% e Minas Gerais se aproxima lentamente com 86,1%.
Veja os estados com ocupação em leitos de UTI acima de 80%, além do Distrito Federal:
- Paraná – 96%
- Santa Catarina – 97,3%
- Rio Grande do Sul – 99,6%
- São Paulo – 89,9%
- Minas Gerais – 86,16%
- Espírito Santo – 91,05%
- Distrito Federal – 89,17%
- Goiás – 97,73%
- Mato Grosso – 104,23%
- Bahia – 86%
- Pernambuco – 96%
- Maranhão – 87,5%
- Paraíba – 85%
- Acre – 95,3%
- Tocantins – 92%
- Rondônia – 100%
- Amapá – 91,04%
- Sergipe: 91%
- Mato Grosso do Sul: 102%
- Pará: 80,94%
- Alagoas – 88%
- Ceará – 92,47%
- Piauí – 91,1%
- Rio Grande do Norte – 93,71%
- Amazonas: 80%
Veja os estados com ocupação em leitos de UTI abaixo de 80%:
- Rio de Janeiro – Ocupação UTI: 78,8%
- Roraima – Ocupação UTI adulto público: 68%