COMPARAÇÃO: O jogo de xadrez é comparável a política. Parecidos, mas com regras próprias. 32 peças no tabuleiro; capturar o rei é o objetivo. As regras imutáveis e definidas. Já na política, há apenas conceitos com liberdade de movimentos. Mas em ambos se exige o ‘timing’ na leitura das futuras jogadas adversárias.
‘AQUI AGORA!’: Está na hora ou seria cedo demais para os preparativos das eleições estaduais? Depende da posição e visão das lideranças interessadas. Hoje os governistas em vantagem por motivos óbvios, amparados na estrutura do poder, fator influente nas ações políticas no cenário atípico devido a pandemia.
TEREZA CRISTINA (DEM): Só levou experts para o Ministério da Agricultura; discreta, aproveita o ‘boom’ do setor; evita colisões políticas. Preserva a imagem na ‘guerra do meio ambiente’ do agronegócio, longe de escândalos, respeitada até pela oposição como agente do 1º escalão – errando pouco neste período econômico conturbado.
RAIO X: Se houvesse detector para aferir a personalidade de políticos, o alarme dispararia. Deles eu excluiria o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB), que com ou sem mandato é o mesmo. Aliás, dias após seu último mandato ele estava num hospital paulistano. Indagado sobre os motivos de sua presença, respondeu: “sou médico, tenho que trabalhar para viver”.
ALCKMIN: Vereador, prefeito de Pindamonhangaba (SP), deputado estadual e federal (duas vezes), assumiu (era vice de Mario Covas) o Governo paulista em 2001; reeleito em 2002; eleito governador em 2010, reeleito em 2014. Apesar do poder nestes anos Alckmin mora no mesmo apartamento e sem estar rico voltou à profissão anterior a política, raridade no país.
‘DECENTES’: Graças as firulas jurídicas muitos políticos ostentam o ‘diploma’ de ficha limpa como passaporte de novos voos. Mas nem sempre essa certificação retrata a real trajetória deles. Se o bom contador é capaz de justificar a meteórica riqueza de um político ‘esperto’, o bom advogado garante a sua condição de ficha limpa.
CONCLUSÕES: A Política é a arte de tornar possível o necessário, mas sem ceder no essencial. O eleitor é esperto; até vota no candidato que seu partido oferece, mas lava as mãos e não se responsabiliza por ele. A política nos municípios não é ato individual, solitário, de efetiva consciência. Não confunda patriotismo com nacionalismo.
NA PELE: Se não é a depressão é a angústia, a fadiga virtual, o cansaço pela mesmice dos dias, incerteza da eficácia das vacinas e o advento das novas cepas rebaixando a faixa etária vulnerável. Portanto a situação exige cuidados. A morte de parentes e amigos é aviso cruel. O Covid-19 não discrimina; é uma espécie de democracia macabra.
‘EXPLICADO’: Nos meios jurídicos critica-se a decisão do STF proibindo que a Polícia Federal investigue a denúncia do ex-governador Sergio Cabral (MDB) contra o ministro Dias Tóffoli, que participou da sessão. Em nome do corporativismo, a corte ignorou o artigo 252 do Código de P. Penal. Mais um gol contra a lei – mas ao favor dos ‘intocáveis’.
CORPORATIVISMO: Também há no Congresso. Veja bem; das 184 representações desde 2002, só 9 punições: 7 cassações, uma suspensão, uma censura. Os cassados: José Dirceu (PT), Roberto Jefferson (PTB), André Luiz (MDB), Natan Donadon (MDB), André Vargas (PT), Pedro Corrêa (PP), Eduardo Cunha (MDB) e Paulo Maluf (PP). Só gente fina.
MINEIRICE: “Ser mineiro é esperar pela cor da fumaça. É dormir para não cair da cama. É plantar verde para colher maduro. É não meter a mão na cumbuca. É não ter passo maior que as pernas. É não amarrar cachorro com linguiça. Porque mineiro não prega prego sem estopa. Mineiro não perde o trem. Mineiro é um nômade.”
PILULAS DO GUIMARÃES ROSA:
Viver é um rasgar-se e remendar-se.
Obedecer é mais fácil que entender.
Mestre não é quem sempre ensina, mas quem de repente aprende.
A gente morre para provar que viveu.
Quem desconfia fica sábio.
Medo, não, mas perdi a vontade de ter coragem.
Viver é muito perigoso. Sempre acaba em morte.
Cavalo que ama o dono, até respira do mesmo jeito.
Em quase que nada sei. Mas desconfio de muita coisa. .
Uma coisa é pôr ideias arranjadas, outra coisa é lídar com país de pessoas.