Se você pesquisar no dicionário o significado da palavra ‘semear’, certamente encontrará conceitos correlatos ao plantio da terra, como também outros sinônimos, sendo eles ‘espalhar’ e ‘propagar’. Em Campo Grande, Arnaldo Grego, de 57 anos, é especialista nesse assunto. Responsável por plantar cerca de mil árvores frutíferas em canteiro da Avenida Fábio Zahran, homem prova que a vida germina onde se planta o amor.
Em sua casa localizada no bairro Vila Progresso, o simpático professor de matemática recebeu a equipe para mostrar de onde vem tanta afeição pela terra. Envolto por árvores e plantas cultivadas na residência, ele conta que nasceu e foi criado na roça. Filho de pais descendentes italianos da lavoura de café, carrega no sangue o manejo da natureza.
A ideia de plantar as árvores frutíferas no espaço verde da via pública, então, veio para sanar a saudade da conexão com o campo, visto que Arnaldo se mudou para Campo Grande para assumir cargo público no ano de 2000.
“Eu passei em concurso público e vim embora para a cidade grande, mas eu sempre gostei de plantas. Eu adoro plantas. Por isso, eu vi ali [canteiro da Fábio Zahran] um espaço livre que poderia ser ocupado porque se você colocar um pé de fruta, pode vir um passarinho, uma capivara, pode vir uma criança, um idoso e por aí vai. Assim, realiza o processo que qualquer árvore realiza e com uma maior vantagem: produz fruta ainda”, explica o professor.
Da ideia até o plantio das árvores frutíferas
Antes de tudo, Arnaldo pediu permissão para plantar as árvores frutíferas à prefeitura. Com a resposta positiva, as primeiras mudas chegaram ao local em 2018. De quatro anos para cá, o ‘corredor’ de árvores já chega a 1500 metros de extensão na Avenida Fábio Zahran, especificamente entre a rua Salgado Filho e Avenida Costa e Silva. Arnaldo ainda afirma serem cerca de mil árvores plantadas e todas de espécies distintas.
Durante o caminho percorrido pela equipe de reportagem, foram encontrados pés de amora, maçã, uva japonesa, limão, graviola, mamão, fruto do conde, goiaba, tamarindo, jabuticaba, seriguela, nêspera, acerola e incontáveis opções à céu aberto, de livre acesso para quem quiser pegar. Responsável por todo esse trabalho, Arnaldo ainda conhece cada uma das árvores e afirma ter provado todas as frutas de lá.
“O maior prazer é de fazer uma semente germinar, passar para uma caixinha de leite, esperar o tamanho, levar até a avenida, plantar e produzir”, afirma.
Plantar e zelar – atos de solidariedade
De alicate na mão, Arnaldo planta e zela pelas plantas todos os dias. Sem usar celular e nem recordar do próprio número, todo o tempo livre é dedicado ao trato da terra. Na hora de podar as árvores ou até mesmo ao regá-las, toda a ação é em prol da solidariedade.
Casado e pai de duas meninas, o professor afirma serem frutos que vão perpetuar por anos à frente. Desde a visita de araras até ter a chance de prover alimento às pessoas necessitadas, Arnaldo criou naquele trecho o próprio paraíso.
“Faço isso por amor à vida, por amor à planta e faço isso para vocês, para os seus filhos e para os seus netos […] Pra mim, fazer isso é como se fosse alimentar a minha alma, eu faço isso com muito amor e carinho. Eu me sinto bem, então eu estou fazendo o bem a mim, ao meu espírito e às pessoas”, conclui.
