Diante da confirmação de um caso de Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), mais conhecida como mal da “vaca louca”, em um animal macho de 9 anos em uma pequena propriedade no município de Marabá (PA), o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) adotou todas as providências governamentais para o mercado de carnes brasileiras.
De acordo com nota oficial da pasta divulgada na noite de ontem (22/02), foi feito o comunicado à Organização Mundial de Saúde Animal (OMAS) e as amostras foram enviadas para o laboratório de referência da instituição em Alberta, no Canadá, que poderá confirmar se o caso é atípico.
Segundo a Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará (Adepará), a sintomatologia indica que se trata da forma atípica da doença, que surge espontaneamente na natureza, não causando risco de disseminação ao rebanho e ao ser humano.
O animal, criado em pasto, sem ração, foi abatido e sua carcaça incinerada no local. O serviço veterinário oficial brasileiro está realizando a investigação epidemiológica que poderá ser continuada ou encerrada de acordo com o resultado.
“Todas as providências estão sendo adotadas imediatamente em cada etapa da investigação e o assunto está sendo tratado com total transparência para garantir aos consumidores brasileiros e mundiais a qualidade reconhecida da nossa carne”, ressaltou o ministro Carlos Fávaro.
Seguindo o protocolo sanitário oficial, as exportações para a China estarão temporariamente suspensas a partir desta quinta-feira (23/02). No entanto, o diálogo com as autoridades está sendo intensificado para demonstrar todas as informações e o restabelecimento do comércio da carne brasileira.
Reflexo em MS
Para o secretário estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck, a possibilidade de registro de casos de vaca louca atípica em Mato Grosso do Sul está descartada. Ele deixou claro que o que existe é uma possibilidade de identificação atípica, o que afasta por completo as chances de vaca louca “clássica”, como a que foi registrada na Grã-Bretanha durante a década de 1990.
De acordo com Jaime Verruck, a restrição de mercado será o principal efeito para Mato Grosso do Sul, pois, em 2021, quando casos do mal da vaca louca foram registrados no Brasil, a China restringiu parte das exportações. Os últimos casos de vaca louca registrados no Brasil ocorreram em 2021, em Minas Gerais e em Mato Grosso. Na ocasião, os casos também foram atípicos, mas a China, maior comprador de carne do Brasil, suspendeu a compra de carne bovina brasileira por três meses, de setembro a dezembro daquele ano.
Informações do Mapa mostram que, até hoje, o Brasil não registrou casos clássicos de vaca louca, que são aqueles provocados pela ingestão de carnes e pedaços de ossos contaminados. O mal da vaca louca é uma doença degenerativa também chamada de encefalite espongiforme bovina. As proteínas modificadas consomem o cérebro do animal, tornando-o comparável a uma esponja. A ingestão de carne e de subprodutos dos animais contaminados com os príons provoca, nos seres humanos, a encefalopatia espongiforme transmissível.
O presidente da Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul (Acrissul), Guilherme Bumlai, ressaltou tratar-se de um caso isolado e sem nenhum risco sanitário. “O que fica é a preocupação de eventual embargo com viés econômico. Precisamos discutir para que casos isolados e atípicos não sirvam de oportunidades para compradores afetarem os preços”, disse.
Para o presidente do Sindicato Rural de Campo Grande, Alessandro Coelho, apesar deste caso de vaca louca ser atípico e não gerar riscos, é algo preocupante para os pecuaristas no Brasil todo, tendo em vista a exportação de carne. “Novamente isso aconteceu em uma rês muito velha, a qual, naturalmente, acaba tendo problemas degenerativos encefálicos”, pontuou.
Alessandro Coelho completou que o exame laboratorial poderá identificá-lo e resolver isso de forma rápida para que nada resvale no mercado. “O Mapa já está tomando todas as medidas sanitárias para evitar maiores transtornos, porém, existem mercados externos que suspendem automaticamente a importação, até que seja devidamente esclarecido”, detalhou.