Surto é maior registrado desde o início da medição em 1980 e Brasil lidera no número de casos
Os casos de dengue quase triplicaram neste ano nas Américas, e a doença ampliou seu território, alertou a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) nesta terça-feira (10/12). A região das Américas enfrenta a pior epidemia da doença desde que começaram os registros, em 1980, com a grande maioria dos casos no Brasil.
Os países da região relataram até o momento 12,6 milhões de casos suspeitos, sendo 21 mil graves. Em todo o ano passado, o número de infectados foi de 4,6 milhões, e 9.198 tiveram complicações mais sérias.
Neste ano, ao menos 7.700 pessoas morreram em decorrência do vírus, transmitido pelo mosquito Aedes aegypti. De acordo com os dados da Opas, esse número é três vezes maior que o registrado no ano passado, e 76% dos óbitos foram registrados no Brasil.
A doença tem avançado à medida que o clima mais quente – resultado das mudanças climáticas –permite a proliferação dos mosquitos, frisou o diretor da organização, Jarbas Barbosa, em coletiva à imprensa.
“Isso está diretamente ligado a eventos climáticos”, afirmou, citando temperaturas mais altas, secas e enchentes como exemplos de situações extremas que favorecem o surgimento do mosquito e a propagação do vírus. O rápido crescimento populacional, urbanização não planejada e falta de saneamento básico também contribuem para o aumento da dengue, completou Barbosa.
Brasil no centro da epidemia
De acordo com os dados da Opas – que é o braço da Organização Mundial da Saúde (OMS) nas Américas –, o Brasil concentra 10 milhões de todos os casos de dengue relatados. A Argentina vem em seguida, com mais de 580 mil, e México, com mais de 500 mil.
Segundo o Painel de Monitoramento das Arboviroses do Ministério da Saúde brasileiro, atualizado em 10 de dezembro, o país teve 6,8 milhões de casos e 5.950 mortes confirmadas. Há ainda 1.091 óbitos suspeitos.
O coeficiente de incidência da dengue está em 3.330,9 por 100 mil habitantes no Brasil, segundo os dados mais atualizados. A OMS considera taxas acima de 300 casos por 100 mil habitantes indicadores de epidemia.
O vírus tem se alastrado tanto em lugares que há muito tempo lutam contra a doença quanto em áreas onde sua disseminação era desconhecida até pouco tempo, como nos Estados Unidos. Houve transmissão local da dengue registrada na Califórnia, Flórida e Texas neste ano, de acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos.