Com Adriane e Camilla sob risco de cassação, Papy pode assumir Prefeitura de Campo Grande

(Foto: Arquivo)

Campo Grande vive um momento de instabilidade política que pode redefinir completamente o cenário eleitoral da capital sul-mato-grossense. Com a prefeita Adriane Lopes (PP) e a vice-prefeita Camilla Jara (Avante) ameaçadas de cassação por suspeita de compra de votos nas eleições de 2024, o nome do vereador Epaminondas Vicente Silva Neto — o Papy (PSDB) — surge como potencial sucessor no comando do Executivo municipal.

O alerta foi dado pelo procurador regional Eleitoral, Luiz Gustavo Mantovani, que recomendou à Justiça Eleitoral a perda dos mandatos de Adriane e Camilla. Segundo o parecer, há provas consistentes de captação ilícita de sufrágio, incluindo pagamentos via Pix, distribuição de dinheiro em espécie e o uso indevido da máquina pública para financiar o esquema.

Caso o Tribunal Regional Eleitoral acate a recomendação do Ministério Público, a Prefeitura será assumida pelo presidente da Câmara Municipal, cargo atualmente ocupado por Papy. Assim, o PSDB — que estava fora da disputa direta pela chefia do Executivo — pode retornar ao poder sem sequer passar pelo crivo das urnas.

Um atalho inesperado ao Paço Municipal

Papy já havia sinalizado interesse em disputar a Prefeitura em 2028, mas uma eventual reviravolta jurídica pode antecipar sua chegada ao cargo. Em entrevista recente, o vereador deixou transparecer sua ambição política:

“Quem sabe, lá na frente, se as coisas convergirem, posso ser candidato a prefeito. […] Acho que teria uma vontade de pôr em prática alguns pensamentos administrativos que eu tenho, de gestão pública, que eu gosto muito.”

Agora, o futuro político do tucano pode ter sido acelerado por um escândalo que abala os alicerces da atual gestão.

As engrenagens do escândalo

De acordo com o Ministério Público Eleitoral, o esquema de compra de votos foi identificado em diversos bairros da capital. No Aero Rancho, por exemplo, cerca de 200 veículos teriam sido adesivados com material de campanha em troca de R$ 100 cada. No Parque dos Laranjais, eleitores receberam a mesma quantia para votar em Adriane. Já no bairro Caiobá, o depoimento de Sebastião Martins Vieira, conhecido como “Tião da Horta”, revelou ter recebido R$ 2 mil para intermediar votos — quantia repassada por um assessor da prefeita.

Um detalhe liga os pontos do esquema: os pagamentos partiram de servidores comissionados, como Simone Bastos Vieira, vinculada à Coordenadoria Geral de Articulação Social. A chave da denúncia seria um Pix enviado por Simone diretamente a Tião da Horta — prova considerada crucial pelo MP.

Segundo o procurador Mantovani:

“No presente caso, comprovou-se a existência de pagamento via PIX que parte direto de pessoa integrante do gabinete da prefeita, para testemunha que declara textualmente que a finalidade era a compra de votos.”

E reforça:

“É evidente a ciência e anuência da investigada – e principal beneficiária do esquema – a partir da robusta documentação e dos depoimentos colhidos.”

Papy pode repetir precedentes em Paranhos e Bandeirantes

A possibilidade de ascensão de Papy encontra paralelo recente em outras cidades sul-mato-grossenses. Em Paranhos e Bandeirantes, a cassação de prefeitos e vices resultou na posse dos presidentes das respectivas câmaras municipais, que assumiram interinamente o comando do Executivo até a realização de novas eleições.

Se o mesmo roteiro se repetir em Campo Grande, o vereador tucano terá em mãos a caneta do prefeito, ainda que de forma temporária, com plenos poderes até o pleito suplementar.

Neste momento, o cenário é de apreensão e expectativa. Caso as cassações sejam confirmadas, o PSDB — antes coadjuvante nas articulações eleitorais de 2024 — poderá emergir como protagonista absoluto no xadrez político da capital sul-mato-grossense.

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