Com onda roxa, hotéis da zona boêmia de BH são fechados, afetando mais de três mil profissionais do sexo

Como em vários outros setores da sociedade, prostitutas enfrentam obstáculos para poder sobreviver.
Foto: Ricardo Pessetti/Divulgação (Imagem cedida por Bruno Faria)

“Eu preciso trabalhar. Sou mãe. Sou arrimo de família. Mas sou invisível”. A frase é de uma das mais de três mil prostitutas que trabalham em Belo Horizonte. Em mais de um ano de pandemia, estas mulheres, travestis e transexuais têm enfrentado o descaso e, muitas vezes, a fome.

A doença afastou clientes e fechou hotéis na chamada “zona boêmia”, na região da Rua Guaicurus, no centro da cidade. Muitas prostitutas tiveram que ir para as ruas onde, segundo elas, o trabalho é mais difícil e perigoso.

“Não têm políticas públicas direcionadas às profissionais do sexo. Muitas têm família. Filhos. Até netos. Algumas conseguiram auxílio emergencial no ano passado. Acabou e agora vai ter menos. Tem gente passando necessidade. Somos trabalhadoras e merecemos respeito”, falou Cida Vieira, presidente da Associação das Prostitutas de Minas Gerais (Aprosmig).

Uma das profissionais que trabalha na Rua Guaicurus lamenta o pouco movimento, mas entende o risco provocado pela alta na transmissão do coronavírus.

“Eu limpo todo o quarto. Tomo todos os cuidados e peço para o cliente tomar também. Álcool em gel, máscara. A gente tem medo, mas a gente tem que ir à luta”, contou ela, que não quis se identificar.

Com a onda roxa valendo desde quarta-feira (17), os hotéis onde as prostitutas trabalham voltaram a ficar fechados. A primeira vez foi em março do ano passado.

“Vou ter que fazer meu corre, né? Me virar. Um dia a gente volta a ver o salão cheio”, disse a prostituta.

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