Com um potencial bilionário, turismo ainda é pouco explorado em Mato Grosso do Sul

Apesar de o ecoturismo no Estado já ser responsável por R$ 4 bilhões por ano, ainda deixa a desejar no quesito de extrair todas as suas possibilidades
Reprodução

Classificado como “indústria limpa” e já representar até 4% do total de R$ 106 bilhões do PIB (Produto Interno Bruto) de Mato Grosso do Sul, o turismo ainda tem o seu potencial pouco explorado no Estado. Essa atividade econômica movimenta por ano algo em torno de R$ 4 bilhões, mas ainda tem um longo caminho a percorrer quando se fala em expansão, pois ainda concentra todos os seus esforços nos municípios de Bonito e de Corumbá.

No primeiro caso, o turismo representa em torno de 60% do PIB local e é a principal atividade econômica, sendo o ecoturismo a base mais forte encontrada no município, que tem 22,4 mil habitantes, conforme dados do IBGE de 2021. O caso de Corumbá mescla o ecoturismo nas pousadas com o turismo de pesca esportiva, sendo que em ambos o valor agregado dos produtos fornecidos é alto.

Outras duas cidades somam-se ao movimento da indústria limpa, mas com parcela menor na contribuição econômica. Nesse caso, Três Lagoas e Dourados são destinos mais voltados para o turismo empresarial, por conta das indústrias instaladas. Porém, o Estado tem potencial para se tornar um destino particular, que não necessariamente vai atrair milhões de turistas, mas que conseguirá engajar viajantes interessados na natureza.

Além disso, os atuais destinos, como Bonito e Corumbá, ainda têm potencial para crescer. Esse aumento de público precisa ser balanceado, em se tratando de ecoturismo, porque os atrativos têm limite de capacidade para se manterem sustentáveis. Entretanto, ao focar apenas nesses dois destinos, Rio Verde, Piraputanga, Aquidauana e até Campo Grande, que agora conta com o Bioparque Pantanal, acabou ficando para segundo plano.

Sem falar das inscrições rupestres, trilhas e contemplação nos parques naturais de Alcinópolis e as atividades de aventura em Costa Rica, como tirolesa, trilhas e cachoeiras. Bem como Jardim, que, por ser um município vizinho a Bonito, oferece também atrativos semelhantes, mas que são poucos conhecidos pelos sul-mato-grossenses e, principalmente, para os turistas brasileiros e estrangeiros.

PNAD

Para se ter uma ideia de como o turismo é rentável, a PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua) do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que visa quantificar os fluxos de turistas nacionais entre as diferentes regiões do País e para o exterior, revelou que, em 2021, mesmo com a pandemia da Covid-19, foram movimentados R$ 86,7 milhões no turismo estadual.

O levantamento se refere aos anos de 2020 e 2021, que foram marcados pela pandemia e, portanto, os resultados podem refletir uma mudança de comportamento em decorrência das restrições impostas pela crise sanitária. No Estado, em 2020, dos 926 mil domicílios pesquisados, 153 mil (16,5%) responderam ter realizado ao menos alguma viagem que tivesse sido finalizada nos três meses anteriores à entrevista.

Em 2021, esse resultado foi de 131 mil (14,2%), no ano de 2019, este percentual havia sido de 21,8%. Em nível nacional, em 2020, dos 71 milhões de domicílios brasileiros, 9,9 milhões (13,9%) referiram ter havido ao menos alguma viagem que tivesse sido finalizada nos três meses anteriores à entrevista. Em 2021, dos 71,5 milhões de domicílios brasileiros, 9,1 milhões (12,7%) declararam ter havido alguma viagem nos três meses que antecederam a entrevista.

Em Mato Grosso do Sul, foram 773 mil domicílios em que nenhum morador viajou nos últimos três meses de 2020. Já em 2021 esse número aumentou para 796 mil domicílios. Quando questionados sobre o principal motivo pelo qual nenhum morador do domicílio havia viajado no período em 2020, 33,3% alegaram ter sido por falta de dinheiro (em 2021 foram 30,5%), 9,6% por falta de tempo (8,3% em 2021) e 19,2% por não ter havido necessidade (20,8% em 2021).

Em relação ao motivo das viagens realizadas, de acordo com as informações obtidas nos domicílios sul-mato-grossenses, os padrões pouco se alteraram nos anos analisados. Em 2020, 83,6% das viagens ocorreram por finalidade pessoal e em 2021 o percentual foi de 82,1%. Dentre os motivos de viagem pessoal, em 2020, 53,5% declararam ter viajado em razão de visitas ou eventos de familiares e amigos, 20,5% tratamento de saúde ou consulta médica (incluindo internações para tratamentos ou cirurgias e atendimento psicológico) e 20,9% por lazer. No ano de 2021 a visita ou evento de familiares e amigos caiu para 47,5%, tratamento de saúde e consulta médica foi de 23,1% e lazer subiu para 22,7%.

Como principal local de hospedagem, a casa de amigos ou parentes superou as demais modalidades, representando, em 2020, 54,6% e, em 2021, 51,4%. Em segundo lugar ficou a opção hotel, resort ou flat. Em âmbito nacional, as pousadas não apresentaram participação elevada, entretanto, na análise regional, as viagens para o Rio de Janeiro, cuja hospedagem ocorreu em pousadas, alcançaram dois dígitos (11,9% em 2021), seguido por Santa Catarina (10,1%). Nas demais Unidades da Federação esta participação foi pouco relevante. Na comparação, Mato Grosso do Sul figura na 23ª posição no ranking de hospedagem em pousadas (3,1%).

O carro particular ou de empresa foi o principal meio de transporte utilizado em viagem (70,3% do total), seguido por ônibus de linha (8,9%) e o avião (8,3%), em 2020. No ano de 2021, a distribuição das modalidades de transporte mais utilizadas passou por uma pequena variação, sendo as três primeiras: carro particular ou de empresa (62% do total), seguido por avião (10%) e ônibus de linha (9,5%). Nos dois períodos analisados, a motocicleta foi o meio de transporte menos utilizado em viagens.

Divulgação

O Governo do Estado até está tentando divulgar as belezas naturais de Mato Grosso do Sul, com campanhas publicitárias no Brasil e no exterior. Porém, também tem focado somente no Pantanal, Bonito e Serra da Bodoquena. Uma ação promocional da FundturMS (Fundação de Turismo de MS) com a Embratur (Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo) está tentando colocar as belezas naturais do Estado nas principais prateleiras do mercado internacional do turismo.

Neste mês, por exemplo, o turismo de Mato Grosso do Sul foi divulgado na BTL 2023 – Bolsa de Turismo de Lisboa, em Lisboa, capital de Portugal, e na ITB Berlin, na capital da Alemanha, duas feiras consideradas umas das mais importantes do mundo. Na BTL, em parceria com o Sebrae, foi feito o lançamento internacional da Rota Gastronômica Pantaneira e, durante os três dias do evento, teve a cozinha-show, com a presença dos chefs Paulo Machado e Moacir Sobral, que apresentaram algumas delícias, especialmente das pousadas pantaneiras.

Além disso, Mato Grosso do Sul teve a oportunidade de promover os destinos turísticos ao público B2B (Business to Business) e ao público final que participou da feira. Já na ITB Berlim, maior feira de turismo do mundo, o foco foi o mercado alemão, que é um dos principais mercados que consomem o turismo de Mato Grosso do Sul, sendo uma ação muito importante para o fomento do turismo estadual.

Segundo o Anuário Estatístico de Turismo de 2021 – Ano base 2020, do Ministério do Turismo, a Alemanha foi o 7º maior emissor de turistas internacionais para o Brasil e Portugal o 10º. Conforme o Observatório do Turismo e Eventos de Bonito, em 2022 a Alemanha foi o 3º maior emissor de turistas internacionais para o Mato Grosso do Sul. Portugal foi o 11º e empatou com outros países europeus. E de acordo com o Observatório de Turismo de Mato Grosso do Sul (Anuário 2020 – ano base 2019), Bonito é o destino preferido dos turistas europeus com 33,3%, seguido de Campo Grande (30,9%) e Miranda (10,5%).

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