Corumbá nos tempos do cinematógrafo

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O cinematógrafo foi um aparelho inventado no final do século 19 que iniciou uma sequência de melhorias tecnológicas até chegar aos primeiros projetores de cinema. Os primeiros modelos foram patenteados pelos irmãos Lumière, franceses considerados os pioneiros da sétima arte. Esses aparelhos eram compostos por um projetor equipado com fitas gravadas com uma sucessão de imagens, dando a sensação de cenas em movimento. Ficou na história a primeira apresentação pública do aparelho, em 1895, quando teve início a exibição comercial do aparelho, na França. Nos anos seguintes, diferentes réplicas foram aperfeiçoadas e fabricadas em diferentes países, iniciando assim a grande indústria cinematográfica.

Há indícios de que um desses cinematógrafos chegou à cidade de Corumbá, hoje Mato Grosso do Sul, por volta de 1903, trazido do Rio de Janeiro pelo diretor de um circo que projetou as primeiras imagens que tanto emocionaram a plateia. Cinco anos depois, o jornal corumbaense O Autonomista publicou, em 1º de agosto de 1908, que estava na cidade o empresário Salvador Teixeira, proprietário de um esplêndido cinematógrafo, com o qual estava abrindo um cinema para o deleite da população local.

Estava anunciando para o período noturno daquele dia, a inauguração oficial do aparelho no Parque Corumbaense, convidando o povo para a primeira exibição pública do projetor de imagens que prometia encantar a todos pela emoção das cenas. Entre as fitas projetadas pelo senhor Teixeira, estava uma reportagem da chegada ao Rio de Janeiro, dos restos mortais do Almirante Barroso e Saldanha da Gama, com as homenagens organizadas pela população.

Naquele tempo, a projeção ocorria ao ar livre, dependendo das condições do tempo. Qualquer ameaça de chuva era suficiente para o cancelamento da sessão, que aconteciam durante às noites de sábado ou domingo. Assim foram os primeiros cinemas da histórica Corumbá, berço geográfico do Mato Grosso do Sul. Ainda na primeira década do século XX, a imprensa da cidade registra o funcionamento do Royal Cinema e do Cinematógrafo Moderno, entre outros. No início da década de 1910, esses mesmos aparelhos chegariam às vilas de Aquidauana, Miranda e Campo Grande.

Na mesma época, a empresa Barros & Companhia, de Corumbá, publicou aviso na imprensa local, comunicando que, dependendo da chegada de um navio procedente do Rio de Janeiro, na noite do próximo sábado, haveria projeção de novos filmes. A chegada de novas fitas estava em atraso pelo fato de navios de Lloyd não terem feito escala em Buenos Aires, onde estava instalada a empresa de distribuidora das fitas. Assim, começaram os primeiros dias do cinema no território onde décadas depois nasceu o Estado do Mato Grosso do Sul.

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