Na Sapucaí, o tapa-sexo da vez vai ser de tule ‘illusion’; veja

Sabrina Sato usa calcinha de tule ‘ilusion’ em ensaio — Foto: Lucas Menezzes

Sabrina Sato foi uma das rainhas de bateria que já usaram o modelo. Estilista Guilherme Alves, que faz as fantasias de Viviane Araújo, fala sobre outras opções do adereço

Por Thayná Rodrigues – Rio de Janeiro

O tapa-sexo, acessório polêmico do carnaval, ganha ao longo dos anos uma série de reinvenções. Algumas para evitar que as passistas sejam expostas caso o adereço caia; outras para dar mais conforto enquanto as musas sambam na Avenida. Há ainda o acessório com diferentes formatos, a depender do significado da fantasia. Paolla Oliveira, por exemplo, já usou um em formato de chama, no carnaval de 2022, que teve a Grande Rio como campeã, e outro em formato de armadura metálica, na folia de 2023.

Guilherme Alves, estilista de fantasias de carnaval e um dos responsáveis pelo figurino de outra famosa rainha de bateria, Viviane Araújo (do Salgueiro), explica que, atualmente, quatro tipos de tapa-sexo predominam: o de gancho, o de esparadrapo, o de adesivo e a calcinha de tule. Alguns, no entanto, caíram em desuso por diferentes motivos.

— O tapa-sexo de gancho é aquele em que um vergalhão vai da púbis ao cóccix. Costuma ser forrado e revestido. Há ainda o de esparadrapo, o de adesivo e a calcinha de tule. Ela dá transparência e deixa a mulher mais confortável — diz o especialista, que aponta o tapa-sexo de gancho como um dos suscetíveis a queda. — Se a pessoa que confeccionou não tiver as medidas certas da modelo, o objeto fica um pouco largo e pode soltar.

O tapa-sexo de adesivo costuma ser vendido em lojas de lingerie e em sex shops. São eles os usados por atrizes em cenas de mais intimidade nas novelas. Para que seja aplicado, é importante que a pele não esteja com hidratante nem com óleo, já que os produtos podem dificultar a aderência. Na parte da frente, ele é colado abaixo do umbigo e vai até a parte de trás, no cóccix. Já o tapa-sexo de esparadrapo era tido como um improviso e tem sido menos usado. As calcinhas de tule illusion é que estão ganhando a preferência das musas e rainhas. Sabrina Sato foi uma das que já posou com o acessório.

— O tule illusion é um tecido transparente, que dá a ideia da nudez. Por isso, é o mais pedido — explica o estilista.

Mas é possível que o tecido rasgue. Foi o que aconteceu com Mayara Lima, hoje rainha de bateria da Paraíso do Tuiuti, quando era princesa da escola de samba de São Cristóvão, em 2023. Guilherme Alves explica que há um jeito de correr menos risco:

— Para evitar que o tecido rasgue, é possível usar um tule duplo.

História do adereço

Na Marquês de Sapucaí, aparecer com a genitália descoberta passou a ser proibido em 1990, dois anos depois que a modelo Enoli Lara desfilou nua pela União da Ilha do Governador pela primeira vez. Em 1992, a modelo Melissa Benson usou tapa-sexo no desfile da Imperatriz Leopoldinense. No mesmo ano, o modelo Torez Bandeira usou um adesivo que caiu e fez a Beija Flor perder ponto. Até hoje, escolas que tenham integrantes com nudez completa são penalizadas. De acordo com o inciso V do regulamento, elas têm por obrigação “impedir a apresentação de pessoas que estejam com a genitália à mostra, decorada e/ou pintada”. O não cumprimento desse item pode levar a perda de 0,5 ponto da agremiação.

Entre as famosas que desfilam até hoje, Viviane Araújo foi uma das primeiras a usar tapa-sexo. Ela ainda fazia parte da Caprichosos de Pilares, em 1999. Já o menor tapa-sexo dos desfiles do Sambódromo foi usado pela esteticista Andrea Martins, em 2020. Ela, que hoje tem 47 anos, diz que o acessório, colado com cola cirúrgica, tinha 1,5cm. Naquele ano, a passista desfilou pela Alegria da Zona Sul.

— O tapa-sexo era feito de látex, tapava a genitália e eu não corria o risco de ficar com ela à mostra porque o corpo era pintado. O artista que fazia os meus trabalhos era o Madson Araújo. Ele estudou bastante para que o acessório não descolasse. Hoje quem está fazendo as minhas artes é minha filha, Ketley Martins, que é artista plástica — diz a “Musa das Pinturas”, que sairá neste ano pela Em Cima da Hora e pela Acadêmicos de Niterói.

Andrea Martins usa tapa-sexo de 1,5cm em desfile de 2020 — Foto: Pedro Zuazo
Andrea Martins usa tapa-sexo de 1,5cm em desfile de 2020 — Foto: Pedro Zuazo
Viviane Araújo usa tapa-sexo de arco-íris em desfile da Caprichosos de Pilares no fim da década de 90 — Foto: Reprodução/Instagram
Viviane Araújo usa tapa-sexo de arco-íris em desfile da Caprichosos de Pilares no fim da década de 90 — Foto: Reprodução/Instagram
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