Os fungos são os seres mais inteligentes da Terra?

A comunicao dos fungos to complexa que os pesquisadores esto propondo us-los como computadores biolgicos.
[Imagem: Dehshibi et al. – 10.1016/j.biosystems.2021.104373]

Computador de fungo

Voc j ouviu falar de computadores qumicos, computadores feitos com plantas, processadores feitos de gel e at um processador que usa gotas de gua em vez de eletricidade.

Pois agora a chamada biocomputao est para incorporar um novo elemento da natureza: os fungos.

Afirmar que os fungos sejam os organismos vivos mais inteligentes do mundo parece soar como um exagero, mas no para o professor Mohammad Dehshibi, da Universidade da Catalunha, na Espanha, que afirma que os fungos podem ser usados diretamente como dispositivos computacionais.

Pesquisadores japoneses j haviam demonstrado que um fungo consegue reproduzir o projeto do metr de Tquio, mas o professor Dehshibi afirma que seu uso pode ser muito mais genrico e verstil, permitindo resolver uma infinidade de problemas computacionais.

Ele est trabalhando especificamente com os miclios, aquelas teias emaranhadas (higas) formadas por fungos como o Pleurotus djamor, conhecido como cogumelo-ostra-rosa.

“Alterando as condies ambientais, podemos reprogramar uma geometria e uma estrutura terica dos grficos das redes de miclio e, em seguida, usar a atividade eltrica dos fungos para criar circuitos de computao,” prope o pesquisador.

Mais complexo que o crebro humano

Esse “processador de fungo” se tornou uma opo sobre a qual vale a pena pensar quando a equipe descobriu que o cogumelo-ostra-rosa gera disparos de potencial eltrico, muito similares s sinapses do crebro, que se espalham por toda a rede do miclio.

Essa atividade eltrica do fungo corresponde a um sistema de comunicao interna extremamente complexo. De fato, os pesquisadores demonstraram que a complexidade dessa “linguagem” maior do que a de muitas lnguas humanas em termos de comunicao.

Eles ento viram nisso a possibilidade de usar os sinais eltricos do fungo como um meio eficiente e prtico de transmisso de informao e computao, dando aos fungos um potencial muito interessante como computadores biolgicos. A proposta utilizar uma variedade de medies para traduzir esses sinais eltricos em mensagens de acordo com a classificao dos picos de potencial detectveis, as “sinapses fngicas”, por assim dizer.

A tarefa no simples: Os sinais eltricos no tecido do fungo so to complexos que as mais modernas tcnicas da neurocincia, usadas para medir os potenciais de disparo das sinapses no crebro humano, no foram capazes de decifr-los. A equipe ento prope desenvolver um mtodo para detectar o tempo de chegada dos disparo spor meio de algoritmos recursivos, que permitam a caracterizao da atividade eltrica.

“No momento, h dois grandes desafios a serem enfrentados [para usar fungos como computadores],” explicou Dehshibi. “O primeiro implementar um propsito computacional que faa sentido. O segundo caracterizar as propriedades dos substratos fngicos para descobrir seu verdadeiro potencial computacional.”Computa

Os programas usadas pela neurocincia para decifrar os sinais do crebro humano no foram capazes de lidar com a complexidade da comunicao dos fungos.
[Imagem: Dehshibi et al. – 10.1016/j.biosystems.2021.104373]

Computador ambiental

Mas a pergunta que precisa ser feita : Ser que realmente podemos esperar ver, mesmo que num futuro distante, um laptop com um microprocessador feito de fungos?

Para Dehshibi, o objetivo dos computadores de fungos no substituir os processadores de silcio, j que as aes nesse proposto computador biolgico so lentas para isso. Mas as propriedades dos fungos poderiam ser usadas como um “sensor ambiental em grande escala”.

Por exemplo, redes fngicas poderiam monitorar grandes quantidades de fluxos de dados como parte de sua atividade diria. Se pudssemos nos conectar s suas redes e interpretar os sinais que eles usam para processar informaes, ento poderamos aprender muito sobre o que est acontecendo em um ecossistema e, eventualmente, agir se houver necessidade, prope Dehshibi.Bibliografia:

Artigo: Electrical activity of fungi: Spikes detection and complexity analysis
Autores: Mohammad Mahdi Dehshibi, Andrew Adamatzky
Revista: Biosystems
Vol.: 203, 104373
DOI: 10.1016/j.biosystems.2021.104373

Artigo: Reactive fungal wearable
Autores: Andrew Adamatzky, Anna Nikolaidou, Antoni Gandia, Alessandro Chiolerio, Mohammad Mahdi Dehshibi
Revista: Biosystems
Vol.: 199, 104304
DOI: 10.1016/j.biosystems.2020.104304

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