Três delegadas, inclusive a titular da unidade, foram transferidas para a diretoria-geral e para a Depac
A Diretoria Geral de Polícia Civil (DGPC) deu início nesta quinta-feira (27) às mudanças no quadro de pessoal da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM) em Campo Grande, alvo de constantes reclamações nas últimas semanas em função da baixa qualidade no atendimento às vítimas de violência.
Os casos mais expressivos que trouxeram ao conhecimento da opinião pública falhas na DEAM foram os das jornalistas Vanessa Ricarte, assassinada pelo ex-noivo, Caio Nascimento, e de Nathália Barros Corrêa, que teve o nariz quebrado após ser agredida pelo ex-companheiro Philipe Calazans.
De acordo com publicações no Diário Oficial do Estado desta quinta-feira, a titular da DEAM, delegada Elaine Cristina Ishiki Benicasa, deixa o cargo, a pedido, tendo sido removida para a DGPC.

Por sua vez, a delegada Riccelly Maria Albuquerque Donha também deixa a DEAM e será transferida, “ex-officio”, no interesse da administração, para a Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário de Campo Grande – Depac.
Já a delegada Lucélia Constantino de Oliveira, a pedido, deixará a DEAM e também passará a integrar os quadros da Depac.
Na mesma edição do Diário Oficial, o delegado-geral de Polícia Civil Lupersio de Gerone Lúcio removeu para a DEAM as delegadas Cynthia Karoline Bezerra Gomes Tapias e Laís Mendonça Alves. Ambas trabalhavam na Depac.

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Repercussão negativa
O atendimento a duas jornalistas vítima de violência, uma delas assassinada, expôs falhas na delegacia.
Poucas horas antes de ser assassinada pelo ex-noivo, o músico Caio Nascimento, a jornalista Vanessa Ricarte, de 42 anos, chegou a reclamar do atendimento recebido na DEAM.
Ela gravou áudio no qual comentou sobre o atendimento recebido na unidade. “Fui falar com a delegada, fui tentar explicar toda a situação, ela me tratou bem prolixa, bem fria, seca. Toda hora me cortava”, disse.
Na gravação, Vanessa diz ainda que chegou a pedir o histórico do ex-noivo à delegada, pois havia descoberto que ele já tinha outras denúncias e queria entender a natureza das agressões anteriores.
Contudo, a policial disse que não seria possível passar os dados, que seriam sigilosos. Caio Nascimento está envolvido em 14 processos de violência doméstica contra mulher, conforme dados do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul.
Horas depois, ao chegar em casa para pegar algumas roupas e outros pertences, Vanessa foi morta a facadas pelo músico.
Indiciamento errado
Outro caso foi o da jornalista Nathália Barros, agredida com um soco pelo ex-companheiro Philipe Calazans.
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Segundo ele, a delegada responsável pelo caso acabou identificando erroneamente o irmão da vítima como o agressor e acabou indiciando-o pelo crime de lesão corporal dolosa.