Estudos revelam que 54% das pessoas mais velhas não se veem representadas na publicidade, apesar do potencial de consumo
A cada 21 segundos, um brasileiro completa 50 anos. A faixa etária está em ascensão. Hoje, aproximadamente 55 milhões de brasileiros estão na faixa dos 50+ e 35 milhões acima dos 60 anos. Para contextualizar, o Brasil conta com mais pessoas acima dos 50 do que adolescentes de 17 anos.
Esse fenômeno demográfico se refere à geração baby boomer, que nasceu entre 1946 e 1964, um grupo que já foi considerado o mais relevante do país. Os boomers enfrentaram adversidades, investiram em educação e transformaram o consumo, criando um novo mercado. Agora, ao chegarem à terceira idade, esses indivíduos são protagonistas de um movimento conhecido como Economia Prateada – pelos cabelos grisalhos – que se refere ao impacto econômico e social das pessoas nesse contexto.
No Brasil, a Economia Prateada movimenta cerca de R$ 2 trilhões por ano, enquanto globalmente esse grupo é responsável por mais de US$ 15 trilhões, valor próximo ao PIB da China. Esse dado é parte do estudo “Tsunami Latam – a região que mais envelhece no mundo”, realizado pela consultoria Data8.
O estudo é do ano passado e aponta, ainda, que essa geração, na América Latina (AL), tem como principais características de comportamento a tradição dos seus valores e estruturas e são os pilares financeiros e emocionais de suas famílias. É reflexo da cultura dos boomers, que sempre colocaram o vínculo empregatício com as empresas em um patamar de extrema importância na vida, tinham como meta a estabilidade profissional, o que lhes custava a construção de laços afetivos familiares de qualidade.
Uma outra pesquisa, da QualiBest, revela que muitos idosos se sentem invisíveis e desconsiderados na publicidade e na sociedade, de maneira geral. O estudo, que entrevistou 1.055 pessoas de 20 a 85 anos, mostra que a maioria dos mais velhos querem uma vida vibrante e têm um forte desejo de reinvenção. Eles esperam deixar legados e valorizam o autoconhecimento e a simplicidade.
Essa geração, que é o pilar financeiro e emocional de muitas famílias, possui uma expectativa de vida bem maior do que a estimada anteriormente. Muitos chegaram aos 50 anos saudáveis e ativos no mercado de trabalho. A pesquisa indica que 70% dos entrevistados se surpreendem ao se sentirem bem na idade atual, e 80% afirmam manter sua independência financeira.
O avanço da tecnologia, melhorias nas pesquisas de saúde e mudanças na qualidade de vida têm influenciado esse cenário. Surpreendentemente, 6 em cada 10 brasileiros dessa faixa etária ajudam filhos e netos financeiramente.
No que diz respeito à ocupação, entre os 2.504 entrevistados, 15% estão empregados, 36% aposentados, 35% autônomos, 4% desempregados, 9% donas de casa, 7% empreendedores, 4% vivem de renda de aluguel e 1% são estudantes. A maioria é composta por mulheres (53%).
Entretanto, há um aspecto preocupante: muitos trabalham para sustentar suas famílias. Essa dependência econômica compromete seus recursos financeiros. Superar a barreira dos 50 anos ainda em atividade, contribuindo para a economia e mantendo suas finanças em dia, é um sinal positivo. A Economia Prateada é um testemunho desse potencial, com mais de R$ 2 trilhões movimentados anualmente.
Nos próximos anos, espera-se que essa população cresça ainda mais. O mercado deve estimular o consumo consciente, desenvolvendo produtos inovadores e acessíveis para essa geração. Para as futuras gerações, cabe aos pais cultivar hábitos de vida saudável e consumo sustentável, incentivando a formação de poupança, especialmente em um mundo cada vez mais digital.