“Farinha pouca, meu pirão primeiro” é um ditado popular português que significa que, em situações de escassez, a pessoa deve priorizar o seu próprio benefício ou necessidade, colocando-se à frente dos outros. É uma expressão que reflete uma atitude individualista e de autopreservação.
Em outras palavras, o ditado sugere que, diante de recursos limitados, a pessoa deve garantir sua própria sobrevivência ou bem-estar antes de considerar os demais. Isso pode ser interpretado como uma forma de egoísmo ou de priorização da própria necessidade em detrimento da coletividade.
A prefeitura de Campo Grande, a pedido da prefeita Adriane Lopes (PP), publicou, na edição de ontem (30) do Diogrande (Diário Oficial do Município), o decreto que prorrogou por 90 dias a duração de medidas de corte de gastos, que, nos últimos três meses, geraram uma economia de R$ 20 milhões aos cofres da Prefeitura Municipal.
O Decreto nº 16.313 estende as medidas do Decreto nº 16.203, de março deste ano, que prevê redução de 25% em despesas com água, energia, combustível, contratos de terceirização e contratações temporárias, entre outras restrições severas.
A justificativa da gestão é garantir equilíbrio fiscal e eficiência administrativa, entretanto, as decisões recentes da prefeita levantam questionamentos sobre a coerência das prioridades do Executivo.
Prioridade
O montante economizado em três meses representa pouco do quanto a prefeita pretende gastar com o seu reajuste salarial e de alguns servidores nos próximos três anos.
A gestão Adriane Lopes conseguiu aumento escalonado para o próprio salário, que pode elevar seus vencimentos dos atuais R$ 21,2 mil para até R$ 35,4 mil até 2027 — proposta que também beneficiaria a vice-prefeita, secretários e cerca de 500 servidores comissionados.
- 2025 – R$ 32,8 milhões
- 2026 – R$ 73 milhões
- 2027 – R$ 95 milhões
Apesar do discurso de austeridade, Adriane mantém uma base fiel de pastores e aliados religiosos em cargos comissionados da prefeitura, com salários que, somados, custam mais de R$ 105 mil por mês aos cofres públicos, conforme dados do Portal da Transparência.
Não tem dinheiro para reajuste
Enquanto isso, 30 mil servidores públicos municipais estão sem reajuste há três anos e acumulam uma defasagem salarial em torno de 30%.
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