O governo elevou em 4 milhões de toneladas a estimativa para a produção de grãos na safra 2020/21 nesta quinta-feira (11), em relação à projeção de fevereiro, para 272,3 milhões de toneladas, apesar das chuvas que atrasam os trabalhos nas lavouras.
Boa rentabilidade das lavouras e demanda mundial aquecida por programas de estímulos econômicos contra efeitos da pandemia são alguns dos fatores que explicam essa alta, informou a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
A estatal é responsável por gerir políticas agrícolas e garantir o abastecimento de alimentos à população brasileira.
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Em relação à safra de 2019/20, o volume esperado para essa temporada é 6% maior (+15,4 milhões de toneladas).
O avanço na projeção para esta safra foi puxada, principalmente, pelo aumento da expectativa da colheita do milho 2ª safra, para 82,8 milhões de toneladas, um volume recorde.
O gerente de Acompanhamento de Safras da Conab, Maurício Lopes, explica que essa alta se deve a uma expansão da área plantada em relação à safra passada, de 14,7 milhões de hectares.
“[O aumento de área plantada é] muito impulsionado pela boa rentabilidade que as lavouras vêm apresentando, apesar de ainda ser uma safra cheia de variáveis, principalmente com relação à atraso no plantio”, diz Lopes.
No caso da soja, a cultura vem mantendo a tendência de crescimento na área cultivada. Nesta safra, a estatal prevê crescimento de 4,1% em relação ao ciclo passado, com uma área de 38,5 milhões de hectares e produção de 135,1 milhões de toneladas.
Demanda por alimentos em alta no mundo
O aumento da projeção de safra de grãos também se explica pelo fato de a demanda por alimentos continua alta, explica o diretor de Política Agrícola e Informações da Conab, Sergio De Zen.
“Isso é fruto das medidas de proteção social que estão sendo implementadas mundo afora. […] Ontem (dia 10), nós tivemos nos EUA a aprovação de um programa bastante arrojado de apoio, isso gera consumo. Nós estamos tendo na Europa, na Ásia, programas de segurança alimentar. Até mesmo na África, a gente tem notícias”, disse Zen.
O plano de estímulo à economia aprovado nos EUA é de US$ 1,9 trilhão. O pacote deve aliviar as finanças das famílias e empresas afetadas pela pandemia do coronavírus.
Feijão e arroz
A estatal aumentou em 1,6% a expectativa de produção para as três safras do feijão, totalizando 3,3 milhões de toneladas. A primeira está em fase final de colheita, já a segunda, em fase final de plantio. A terceira começa o plantio a partir da segunda quinzena de abril.
Já para o arroz, há uma redução de 1,9% na produção frente à safra anterior, com uma produção prevista de 11 milhões de toneladas. Pouco mais de 10 milhões de toneladas são colhidas em cultivo irrigado e 900 mil em sequeiro.
O algodão segue na mesma linha, com redução de 14,5% na área cultivada e produção de 6,16 milhões de toneladas de algodão caroço, correspondendo a 2,5 milhões de toneladas de pluma. Para o amendoim, em melhor situação, o crescimento é de 2,7% na área total e produção estimada em 575 mil toneladas, 3,1% acima da obtida em 2019/20.