Um morador de Sorocaba (SP) conseguiu sobreviver à batalha intensa contra a Covid-19, que o deixou em coma por três meses e internado por 114 dias. Quando acordou, sua única memória era de uma “estrada da morte” e do que ele acredita ter sido o seu anjo da guarda.
Sandro Luis Ciqueira Pinheiro, de 47 anos, ficou internado no Hospital Evangélico. Ele recebeu o diagnóstico de Covid-19 em meados de novembro de 2020. Dez dias depois, foi intubado e só viria a acordar no dia 5 de março de 2021.
O morador conta que, quando chegou ao hospital, seu único pedido era de que não fosse intubado. “Há três meses, perdi um ‘primo-irmão’ para a doença. Ele morreu em cinco dias”, explica Sandro, que foi levado direto para a UTI.
Ele acordou três meses depois, mas diz que levou três dias para entender o que havia acontecido. Sandro reconheceu a esposa, embora não soubesse onde estava. Perguntou o que havia acontecido e recebeu a explicação de que havia ficado em coma por 90 dias.
“Eu não acreditei. Essa foi a parte que me fez sofrer muito”, diz.
Durante todo o momento em que Sandro permaneceu intubado, sua esposa foi preparada para o pior. “Eles diziam que meu coração não aguentaria tanta droga e que ela deveria se preparar”, relata.
O sonho
Sandro conta que, quando acordou, não se lembrava de muita coisa. A única memória era a de um sonho tido momentos antes de despertar. Ele estava rastejando em uma estrada pedindo por água e, à frente, havia um menino de roupa branca. Sandro interpretou o sonho como uma mensagem.
“Eu estava na ‘estrada da morte’ e este menino era meu anjo da guarda”, diz.
Ele recebeu alta no último dia 11 de março. Em um vídeo gravado pela família, o paciente é aplaudido pelas pessoas por conta da vitória na batalha. Os parentes também agradecem à equipe que cuidou dele durante todos os meses de internação.
Sequelas
Pelo tempo que ficou internado, houve uma grande perda de massa muscular. Sandro emagreceu 25 quilos e teve a perda temporária do movimento das pernas. Ele também teve uma grande ferida nas nádegas e passou por uma cirurgia plástica, no início do mês, para fechá-la.
Agora, passa por fisioterapia três vezes na semana e conta com o apoio de um médico que vai até sua casa para ajudá-lo no banho.
Segundo o sobrevivente, o movimento das pernas já está voltando com as sessões de terapia. Dando um passo de cada vez, ele já consegue se sentar na cama sem a ajuda de ninguém.
“Vou andar, se Deus quiser. Os movimentos já estão voltando. Agora preciso ganhar massa muscular”, completa.
A mulher, um dos filhos e a mãe de Sandro também contraíram o vírus. Hoje, todos estão bem e retornam, aos poucos, à vida pré-Covid.