Aqueles que perguntam ao prefeito Marquinhos Trad se ele será candidato a governador no próximo ano invariavelmente ouvirá a mesma resposta: ainda é cedo para definições e, por enquanto, sua preocupação é cuidar da administração municipal.
Enquanto isso, vários nomes da política estadual estão em plena pré-campanha, ainda que de maneira enviesada, embora assumindo claramente a possibilidade de candidatura no próximo ano. É o caso de André Puccinelli (MDB), Zeca do PT (PT) e Eduardo Riedel (PSDB).
Com a mesma intenção, segue trabalhando com jeitão de pré-campanha, com certa discrição, principalmente no interior do Estado, Rose Modesto (ainda no PSDB). Coronel David, Capitão Contar e Soraya Thronicke, já se manifestaram em concorrer ao pleito de 2022 (todos bolsonaristas).
Lateralmente, o senador Nelsinho Trad (PSD) mantém certo suspense, mas há quem acredite que sua candidatura seja de fato anunciada caso seu irmão declare publicamente não ser pré-candidato, recolhendo o flape.
De acordo com políticos próximos do prefeito da Capital há uma questão de bastidor que tem consumido suas noites de sono; para ser candidato, ele terá que renunciar ao cargo de prefeito (no máximo em abril de 2022), deixando a administração para sua Vice, Adriane Lopes, que cuidaria de uma máquina que terá um orçamento de mais ou menos R$ 13 bilhões nos últimos dois anos e oito meses do mandato, que se encerará em 2024. Outra questão: o eleitor entenderia essa renúncia?
Além disso, Marquinhos Trad não contava com a entrada vigorosa no cenário do ex-governador Puccinelli que, mesmo tendo enfrentado graves problemas judiciais, ainda conta um eleitorado expressivo tanto na Capital (reduto do prefeito) como no interior (onde Marquinhos Trad tem potencial de voto muito baixo).
Para o cientista político Antonio Ueno, Marquinhos Trad teria que articular um grupo de apoio ou se aliar ao PSDB para ganhar densidade eleitoral, mas como o tucano Eduardo Riedel vem crescendo nas pesquisas e criando musculatura, essa possibilidade está cada vez mais remota. “É importante frisar que o PSDB já declarou que não existe “Plano B”, ou seja: se Marquinhos deixar a prefeitura e tentar um vôo solo correrá o risco de derrota, o que deixará em aberto um espaço temporal em que ficará fora do poder, o que o levará forçadamente rever seu projeto político”, pontuou Ueno.
A maioria da classe política considera Marquinhos Trad um bom candidato visto que está fazendo uma administração considerada por muitos como uma gestão equilibrada.
Mas ficar muito tempo longe do poder, sem grupo político, cargo ou função, poderá criar um distanciamento do eleitor, dificultando a viabilidade em futuras eleições.
Se a candidatura de Marquinhos Trad não ganhar corpo ainda este ano ele viverá um terrível dilema: “renunciar à prefeitura ou amarelar da candidatura”.
Como dizia Barão de Itararé: “Tudo seria mais fácil se não fosse as dificuldades…”