Mesmo com alta de 26% no custo de produção, MS deve ter aumento de 41% na safra de soja 22/23

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O custo de produção da soja deve ter um aumento de aproximadamente 26% na safra 2022/2023, chegando próximo a R$ 7 mil por hectare em Mato Grosso do Sul. Mesmo com essa alta, o estado deve registar um incremento de 2,5% na área cultivada com o grão, que deve chegar a 3,843 milhões de hectares e ter uma recuperação de produtividade de 38,27% – após a queda provocada pelos fatores climáticos no ciclo passado, atingido a média de 53,4 sacas por hectare.

Com ampliação de área e crescimento de produtividade frente a safra anterior, a produção deve registrar um salto e chegar a 12,318 milhões de toneladas – a segunda maior da história do estado. Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (16), pela Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso do Sul (Aprosoja/MS), Federação de Agricultura e Pecuária (Sistema Famasul) e secretaria estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro).

“O produtor tem entendido a dinâmica de uma situação de inflação. Tem se precavido e feito suas trocas antecipadamente. Então, por mais que a estejamos em um ambiente de custos mais elevados, um ambiente de 92% do custo variável mais caro, uma safra 26% mais cara, quase R$ 7 mil por hectare, o produtor entra nessa safra de soja bem consciente e com bastante cautela, mas também ansioso e animado, porque pode vir a ser um recorde de safra, desde que a meteorologia esteja correta, tenhamos uma estabilidade de chuva a partir do fim do ano, que é quando começa o florescimento e o enchimento de grãos. Se realmente o fenômeno La Ninã der uma amenizada e nós tivemos um bom quadro de chuva podemos ter um sucesso muito grande, um recorde de safra”, comenta André Dobashi, presidente da Aprosoja/MS.

Ele aponta que estudos técnicos indicam que neste ciclo os preços da oleaginosa devem sofrer uma arrefecida. “Não tem a mesma perspectiva de preços altistas ao longo de safra, mas ainda acima dos patamares antigos. Isso indica que o produtor precisa ter bastante cautela no travamento dos seus preços e ainda que não pode levar em consideração estratégias tradicionais de venda, como, por exemplo, a de que no segundo semestre são registrados os maiores preços, já que estamos enfrentando oscilações muito grandes de mercado, que não eram vistas antigamente”.

O secretário Jaime Verruck, da Semagro, destacou que com o incremento de 2,5%, o estado vai atingir um recorde na área plantada com soja. “Se olharmos do ciclo 2019/2020 para o 2022/2023, nós incorporamos quase 500 mil hectares. Temos uma expansão significativa de soja, que tem entrando principalmente em áreas tradicionais de pecuária”, aponta, completando que isso em feito com que a bovinocultura passe por um processo de intensificação.

Nesta nova fronteira agrícola para a soja, o secretário cita municípios do leste do estado, como Bataguassu, Santa Rita do Pardo, Anaurilândia e Nova Andradina. Ele explica ainda que junto com o incremento de produção está ocorrendo também um processo para agregar valor a commoditie. “Em Bataguassu inauguramos uma indústria de esmagamento de soja com capacidade para processar 500 mil toneladas”.

Verruck comentou ainda que a expectativa do governo do estado era de um crescimento ainda maior na área plantada, mas que não se confirmou por conta do aumento dos custos de produção. “Sabemos que as áreas novas têm um custo de implantação mais alto no seu início. Mesmo assim, Mato Grosso do Sul cresceu. Houve esse impacto mundial de elevação nos custos das cadeias de produção, afetou no nosso nível de expansão, mas ainda temos crescimento”.

O presidente do Sistema Famasul, Marcelo Bertoni, destacou o empenho do agricultor sul-mato-grossense, que mesmo em meio as dificuldades, segue investindo nas suas lavouras e ao mesmo tempo preservando o meio ambiente. Ele disse que as quebras das duas últimas safras descapitalizaram um pouco o produtor e provocaram uma certa retração no aumento de área. Avaliou também que a dependência de fertilizantes importados segue sendo um gargalo para uma expansão ainda maior da produção brasileira.

Ele também ressaltou o trabalho feito pelo Sistema Famasul para que o produtor gerencie melhor o seu negócio. “Por meio da Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) nós ajudamos o produtor a ter uma melhor gestão das coisas. A ter um controle mais efetivo dos seus custos, para que ele consiga administrar melhor o seu negócio e no final da colheita ter lucro”, concluiu.

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