Após a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) orientar a suspensão da vacinação de gestantes com o imunizante Oxford/AstraZeneca, o Ministério da Saúde confirmou a suspensão para este segmento e para mulheres puerperais com a marca imunizante.
No caso das vacinas Coronavac e Pfizer, o Ministério autoriza o uso apenas em casos de mulheres com comorbidades. Aqueles que não têm condições de saúde dentro dessa categoria não devem ser imunizados.
Mesmo com a decisão, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, reforçou a importância das vacinas, incluindo Oxford/AstraZeneca. “Quero reiterar a confiança na segurança e eficácia dessas vacinas. Todo programa de vacinação é coordenado por uma equipe técnica com apoio técnico da câmara dos mais renomados especialistas do Brasil”, disse.
A medida anunciada hoje ocorreu após a pasta ser informada na última sexta-feira (7) do episódio de uma gestante que teria morrido após receber a vacina Oxford/AstraZeneca.
No entanto, em coletiva de imprensa, representantes do Ministério e especialistas da comissão do Programa Nacional de Imunizações (PNI) alertaram que o caso está sob investigação e ainda não foram confirmados se a causa da morte está relacionada à imunização.
“Ficamos chateados com essa perda. Mas ainda não está claro que a vacina foi a causa dessa trombose. Estamos examinando detalhes de todos os registros médicos para que possamos chegar a uma conclusão e esclarecer a todos.É por isso que estamos esperando os exames para nos orientar de forma tranquila”, disse Jorge Kalil, professor da USP e diretor do Laboratório de Imunologia do Incor.
Kalil disse que a orientação da comissão de especialistas para iniciar a vacinação de gestantes e puerperais deveu-se ao fato de haver aumento no número de óbitos por covid-19 dentro desse grupo e que, dado o cenário epidemiológico, os benefícios superavam os riscos.
O secretário de Atenção Primária à Saúde do Ministério da Saúde, Raphael Parente, explicou que a avaliação entre riscos e benefícios é comum em um processo de vacinação, especialmente em um momento como a pandemia, com novas imunizações.
“Ainda não há estudos de alto nível de evidências. Mas notamos um grande aumento nas mortes [de gestantes]. Esse cenário fez com que o PNI [Programa Nacional de Imunizações] tivesse decidido por unanimidade pelos estudos e pelo cenário epidemiológico que o risco-benefício favoreceu a imunização”, comentou o secretário.
A coordenadora do PNI, Francieli Fantinato, informou que ainda não foi definido nenhum protocolo para gestantes e puérperas que tomaram a primeira dose. Uma nota técnica deve ser divulgada até o final da semana. Enquanto isso, a orientação é que eles não recebam a segunda dose.
Ela acrescentou que a orientação pode ser revista diante dos achados da investigação sobre o caso da gestante morta e o andamento dos casos e óbitos pandêmicos. “Diante do cenário epidemiológico, essa orientação pode ser alterada”, disse.