Epidemias são gerenciadas a partir do que se convencionou chamar de semanas epidemiológicas. A partir do período de sete dias, os especialistas são capazes de mensurar a evolução da doença causadora e estudar as medidas que devem ser adotadas.
Pelos números do Ministério da Saúde, a nona semana epidemiológica de 2021, que começou no domingo (28) e terminou neste sábado (6), foi a mais fatal desde a chegada da Covid-19 ao Brasil. Nos sete dias, morreram 10.104 pessoas, enquanto outras 421.604 foram infectadas pelo novo coronavírus.
O número de mortes representa uma alta de 22,56% em relação à semana anterior, que ocupava o posto de mais letal até então, com 8.244 mortes. Já a oscilação dos novos casos foi positiva em 11,51%, superando a então pior semana, que havia sido a primeira de 2021.
Em entrevista à CNN neste sábado, a cardiologista Ludhmilla Hajjar afirmou que uma das possíveis causas do agravamento do panorama da pandemia são as novas variantes do novo coronavírus, que aparentam possuir uma característica mais transmissível.
“O que nós temos percebido é que, possivelmente, isso deva ser resultado dessa nova variante. É uma forma mais transmissível e, aparentemente, nós estamos tratando de uma doença que tem uma carga viral maior. Isso pode refletir em uma forma mais grave”, diz Hajjar.
Outros pontos de alerta para as novas variantes, sobretudo a P1, originada em Manaus, é a possibilidade de infectar mais pessoas mais jovens, que não foram consideradas em um ano de pandemia como sendo grupos prioritários para o tratamento da Covid-19.
A P1 tem a mesma mutação que a variante originada no Reino Unido, onde houve um aumento de casos graves da doença em crianças. Fenômeno semelhante já está sendo visto em São Paulo, com mais internações infantis por Covid-19 em hospitais públicos e privados.
Vacinas
Neste sábado (6), o Ministério da Saúde projetou a disponibilização de 30 milhões de doses de imunizantes contra a doença do novo coronavírus neste mês de março. O aumento em cinco vezes em relação a fevereiro se deve à ampliação da produção nacional de vacinas.
A perspectiva do governo é que o Instituto Butantan e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) encaminhem quantidades expressivas de doses das fórmulas de vacinas das quais são parceiras. O planejamento prevê que o Butatan entregue 23,3 milhões de doses da Coronavac, enquanto a Fiocruz disponibilizaria 3,8 milhões de doses da vacina de Oxford.
Ainda em março, é aguardado um carregamento de 2,9 milhões de doses da vacina de Oxford, enviados ao Brasil pelo Covax Facility, o consórcio para a aquisição e distribuição de vacinas associado à Organização Mundial da Saúde (OMS).
Por outro lado, o primeiro lote de 8 milhões de doses da vacina Coxavin, formulada pelo laboratório indiano Bharat Biotech, não foi listado pelo Ministério da Saúde no planejamento para o mês de março, diferentemente do que havia sido apontado anteriormente pela pasta.