Com a proximidade das eleições municipais, vários nomes são cotados para assumir o cargo de chefe do Executivo. Na última quarta-feira (19), o Instituto Ranking Brasil Inteligência divulgou a primeira pesquisa sobre intenção de votos para a prefeitura de Campo Grande em 2024. Foram 1200 eleitores das sete regiões da capital ouvidos entre os dias 10 e 15 de abril.
A pesquisa aponta a liderança do ex-governador André Puccinelli (MDB), com 4,5%, seguido pela ex-deputada federal Rose Modesto (União Brasil), com 3,75%, pelo ex-governador Reinaldo Azambuja (PSDB), com 3,5%, e pelo deputado estadual Lucas de Lima (PDT), com 3%.
Depois aparecem na 5ª colocação o ex-deputado estadual Capitão Contar (PRTB), com 2,5%, seguido pela atual prefeita Adriane Lopes (Patriota), com 2,25%, e pelo deputado federal Beto Pereira (PSDB), com 2%.
Em entrevista ao Jornal da Hora, o diretor do instituto e cientista político Tony Ueno destacou que o mais importante neste momento é não ter rejeição por parte da população, e que isso poderá definir o futuro prefeito da capital.
“Em uma disputa onde são vários candidatos, quem tem rejeição vai ter mais dificuldade. O bom candidato é aquele que não tem rejeição. Então os bons candidatos para a prefeitura de Campo Grande são Lucas de Lima, Adriane Lopes, Beto Pereira, Camila Jara e Marcos Pollon, esses são os melhores candidatos que eu vejo que sai com uma vantagem muito grande. Embora não estejam liderando as pesquisas, eles não têm rejeição, ou seja, são candidatos que podem ser construídos ao longo desse tempo que que ainda falta para começar os debates e aprofundar a campanha”, avaliou.
O cientista político completou que esses são os melhores candidatos e já saem com uma vantagem muito grande. “Embora não estejam liderando as pesquisas, eles não têm rejeição, ou seja, são candidatos que podem ser construídos durante um ano e meio que ainda falta para começar os debates e aprofundar a campanha eleitoral para a Prefeitura de Campo Grande em 2024”, garantiu.
Mais rejeição
Tony Ueno citou o exemplo do ex-governador André Puccinelli (MDB), que hoje está liderando a corrida eleitoral para prefeito de Campo Grande. “Ele foi duas vezes prefeito e nós não podemos negar que foi o melhor gestor público da Capital, todavia, a rejeição dele é muito grande. Por ter sido governador duas vezes, passado por vários processos, inclusive na Justiça, acabou pegando uma rejeição muito grande”, detalhou.
Ele também citou como exemplos o deputado estadual Zeca do PT, que foi governador por dois mandatos, e o ex-deputado estadual Capitão Contar (PRTB). “Os dois adquiriram uma rejeição muito grande na última eleição porque tivemos um 2º turno polarizado para presidente da República. Os dois acabaram recebendo as rejeições do Lula (PT) e do Bolsonaro (PL), o que ficou claro nessa primeira pesquisa eleitoral”, ressaltou.
O diretor-presidente do Grupo Ranking ainda lembrou que o eleitor de Campo Grande é um dos mais exigentes do Brasil. “O povo campo-grandense gosta de política, gosta de participar e gosta também de bons resultados. Aquele político que não dá resultado, o eleitor simplesmente mete um x e acaba dispensando esse político”, alertou.
Campo Grande, conforme Tony Ueno, tem 55% da população formada por mulheres e é aí que entra o Lucas de Lima. “O programa dele é voltado para o público feminino e ele está há 33 anos no ar. Aí nós temos uma outra situação, pois 70% do eleitor de Campo Grande é da direita ou extrema direita, então, os candidatos que se encaixam nesse perfil do eleitorado são Adriane Lopes, Beto Pereira, Capitão Contar, Marcos Pollon, deputado estadual Coronel David (PL) e a ex-deputada federal Rose Modesto (União Brasil). Eles são candidatos voltados para o público da extrema direita ou centro direita”, argumentou.
Evangélicos
O cientista político deu um outro detalhe interessante da estratificação, que é o crescimento dos evangélicos na Capital. “Na eleição para prefeito em 2020, era em torno de 30% e, hoje, já está passando de 35%. Portanto, o candidato que tiver a simpatia dos evangélicos vai levar vantagem, como são os casos da Rose Modesto, da Adriane Lopes e até do Lucas de Lima, que é uma pessoa sensata e sempre procura falar de Deus em toda a sua programação no rádio, criando a identificação junto a essas pessoas”, revelou.
Ele citou que outro público que cresceu muito não somente em Campo Grande, mas em Mato Grosso e no Brasil, é o que se declara que não tem nenhuma religião. “Há 15 anos, eles eram em torno de 2% e hoje estão na casa dos 10%, então, é um público que tem que ser estudado. Para quem que eles votam? Por quem eles têm simpatia? O que eles querem?”, questionou.
Ainda na entrevista, Tony Ueno ressaltou a importância da estratificação de uma pesquisa. “É nela que entra um trabalho que também faço, que é o de consultoria e assessoria política. Quando você pega um candidato que tem um 1% e vence a eleição, como foi o caso do Eduardo Riedel, as pessoas falam que foi um milagre. Não é um milagre, é um trabalho contínuo”, garantiu.
O diretor-presidente do Grupo Ranking completou que o candidato que fala aquilo que o eleitor quer ouvir é o que aparece melhor nessa primeira pesquisa sobre as intenções de voto para 2024. “São esses pré-candidatos que atendem o requisito daquilo que o eleitor de Campo Grande quer ouvir”, assegurou.
Construção política
O cientista político pontuou que nem sempre o candidato que lidera as pesquisas vence a eleição. “Não dá para afirmar que quem está liderando hoje vai vencer a eleição. Uma campanha é cheia de detalhes. Então você tem que fazer uma construção. Vamos dar um exemplo do Eduardo Riedel, que, quando começou a pré-campanha, só tinha 1% e, por isso, tinha de ficar conhecido. Foi quando começou a fazer muitas entrevistas”, recordou.
Porém, continuou Tony Ueno, o Riedel transpirava muito e molhava a camisa. “A equipe teve de arrumar uma solução. Essa solução foi colocar uma camiseta debaixo da camisa e mudar as cores da camisa. Então, são situações e detalhes que muitas vezes o público não percebe, mas, o marketing detecta e aponta uma solução. No entanto, para isso, muitas vezes a equipe precisa de uma pesquisa com os mais diversos números e aí eu entro, levantando esses dados e repassando para o marketing”, revelou.
Segundo ele, toda essa construção política é essencial em uma campanha eleitoral. “Quando você vai plantar soja, primeiro é preciso preparar a terra, jogar o adubo, depositar a semente e, mais adiante, passar o veneno para matar as pragas. Somente depois de todo esse processo, você pode fazer a colheita depois. O mesmo acontece em uma campanha eleitoral, que tem todo um processo, pois ninguém é eleito governador por acaso, há todo um trabalho por trás de uma candidatura”, pontuou.
Veja a entrevista completa do Facebook:


