Após semanas de tensão diplomática, o Brasil conquista apoio internacional ao seu modelo agrícola, com reconhecimento da ONU aos impactos ambientais positivos do cultivo múltiplo para SAF.
O Brasil celebrou recentemente um importante avanço no cenário ambiental global. A Organização da Aviação Civil Internacional (OACI), ligada à ONU, envolve os benefícios ambientais do cultivo múltiplo na produção de Combustível Sustentável de Aviação (SAF) — prática comum em diversas regiões agrícolas do país.
Segundo o Ministério de Minas e Energia, a medida representa mais do que uma conquista técnica: é um reflexo do protagonismo brasileiro no desenvolvimento de soluções energéticas limpas e inclusivas.
“Esta vitória na OACI é mais uma prova de que o Brasil é o grande líder na transição energética global e estamos liderando com soluções sustentáveis, justas e inclusivas”, afirmou o ministro Alexandre Silveira em nota oficial.
Os bastidores da disputa e da conquista brasileira
O reconhecimento da OACI ocorreu em 27 de junho, após semanas de incertezas. De acordo com fontes ligadas à negociação, havia expectativa de que os Estados Unidos apresentassem objeção à proposta durante a análise do conselho, alegando que o modelo adotado no Brasil poderia prejudicar os produtores americanos.
A principal crítica vem do fato do cultivo simultâneo de duas ou mais culturas em uma mesma área — como milho e soja, por exemplo — gerar uma classificação de carbono mais favorável ao Brasil, dentro dos critérios de sustentabilidade avaliados pela organização.
Essa diferença de abordagem gerou debates diplomáticos aquecidos, especialmente porque o Brasil tem defendido uma agricultura regenerativa e de baixa emissão como eixo central de sua política ambiental.
Biodiesel, SAF e multicultura: os pilares da nova estratégia verde
Como consequência direta da decisão da OACI, ganha força a agenda que o Brasil vem promovendo nos últimos anos: a integração entre práticas agrícolas e o setor energético. Nesse modelo, o cultivo múltiplo se destaca para possibilitar melhor aproveitamento do solo, reduzir o volume de resíduos e ampliar o uso da biomassa na produção de biocombustíveis.
O Combustível Sustentável de Aviação (SAF) é um exemplo disso. Produzido a partir de matérias-primas renováveis, ele reduz significativamente as emissões de gases de efeito estufa em comparação aos combustíveis fósseis usados na aviação tradicional.
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Além da SAF, o país também avançou na produção de biodiesel e não estimula projetos de energia limpa no campo. Essas iniciativas fazem parte do pacote de metas do governo para transformar o setor agroenergético em referência mundial.
Enquanto isso, no cenário internacional, a decisão da ONU reforça a posição do Brasil como provedor estratégico de energia verde, especialmente em um momento de transição para fontes menos poluentes e economicamente viáveis.
Referências da notícia
Griffin, Oliver; Lampert, Allison. O Brasil celebra o reconhecimento da ONU pelos ganhos ambientais do cultivo múltiplo para combustível de aviação. 30 de junho de 2025. Reuters.