Apenas Rose Modesto compareceu, o que transformou o embate em entrevista
Apenas Rose Modesto compareceu, o que transformou o embate em entrevista
A prefeita Adriane Lopes (PP) fugiu do debate que aconteceria na manhã nesta terça-feira (17) numa parceria entre o SBT MS e o Topmídia News. Apenas Rose Modesto (União) compareceu e, em função disso foi entrevistada ao vivo pelo apresentador Tatá Marques.
Ainda antes da eleição em 1º turno, as assessorias de todas as candidatas e candidatos participaram de reunião prévia com os organizadores do evento e assinaram documento garantindo a presença.
Na série de entrevistas realizada antes da primeira fase da eleição, Adriane Lopes garantiu ao apresentador Tatá Marques que compareceria a futuro debate caso conseguisse passar para o segundo turno.
“Com certeza, esse é um espaço democrático onde nós vamos apresentar as propostas, os projetos, para que o eleitor que está nos assistindo possa tomar a decisão certa. Com certeza estaremos aqui com vocês, sim, se houver o segundo turno”, garantiu Adriane Lopes na ocasião.
“O SBT MS e o Top Mídia News mobilizaram suas equipes de jornalismo para colher perguntas da população nas ruas, montaram toda uma grande estrutura técnica, inclusive jurídica, para realizar o debate, mas infelizmente apenas Rose Modesto cumpriu com a palavra e compareceu”, disse Tatá Marques na abertura da transmissão, ao informar que o programa seria transformado numa entrevista.
Adriane Lopes justificou a ausência para cumprir agenda com a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, que aconteceu também nesta quinta-feira.
Eleitor desrespeitado
Uma das perguntas da população foi com relação à Saúde pública. A equipe do SBT MS gravou a pergunta de uma moradora do Bairro Nova Lima, que indagou quando os estoques de medicamentos voltarão à normalidade nas unidades de Saúde, assim como a solução do problema da falta de médicos.
Ao se manifestar, Rose Modesto disse que essas respostas obrigatoriamente deveriam ser respondidas por Adriane Lopes. “Infelizmente, em total desrespeito à população, ela não compareceu. Não podemos responder por ela, mas vamos solucionar esses problemas”, disse.
Segundo Rose, não falta dinheiro na prefeitura. “Quando acabarmos com as folhas salariais secretas teremos recursos para a compra de medicamentos e contratação de novos médicos. O que falta nessa atual gestão é a definição de prioridades e competência”, ressaltou.
Dinheiro drenado
“O dinheiro que se drena para as folhas secretas faz falta à Saúde”, complementou Rose, ao reafirmar que será criada uma central de monitoramento para que os estoques de remédios sejam mantidos sempre no mínimo necessário e, se possível, com sobras.Após se manifestar sobre outras propostas, Rose Modesto alfinetou Adriane Lopes; “ Não vou precisar de 2 anos e meio para resolver problemas que requerem soluções urgentes. Vou resolver de imediato, pois a saúde e a vida das pessoas serão nossas prioridades”.
Opinião do editor
Ao ausentar-se do debate televisivo desta quinta-feira, a prefeita Adriane Lopes causou profunda decepção, tanto aos que acreditam nesta propaganda pessoal como a quem ainda quer provas concretas de que certas qualidades que alardeia não sejam apenas propaganda paga.
Isso porque a prefeita foi convidada com larga antecedência para o debate com sua adversária e o aceitou – conforme mostra vídeo no início desta matéeria –, em razão de sua alegada formação democrática e de sua alegada coragem para os diferentes enfrentamentos políticos tão naturais no exercício da função pública que exerce.
Desta forma, a ausência da prefeita no debate tem muito a ver com outros vãos políticos e sociais que os campo-grandenses apontam em sua gestão. Nesta mesma quinta-feira em que enforcou o debate da TV Campo Grande e do Top Mídia News, ao não cumprir a expectativa ajustada com o apresentador e a direção da emissora, a prefeita também era questionada durante a sessão da Câmara Municipal.
No plenário do Legislativo, onde tem ampla maioria, a prefeita foi cobrada pela demora nas informações ou prestação de contas que seriam dadas em audiência pública sobre o Proinc, aquele programa custeado por recursos da prefeitura para formar e encaminhar jovens de baixa renda ao primeiro emprego e que havia se transformado em cabide de emprego na gestão Marcos Trad.
A cobrança se dá em razão, também, de mais outra cena de ausência da prefeita e da dura realidade do desemprego na cidade que ela governa. Um desemprego que se amplia com a fuga de empresas que se instalam na Capital e são obrigadas a buscar outras cidades porque em Campo Grande não há mão-de-obra qualificada para determinadas especialidades.
Assim, de fuga em fuga, a falta de respostas contribui com o acúmulo de negacionismo que caracteriza o desgoverno campo-grandense.