Presença cultural do artesanato Campo-grandense

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O cenário cultural e social de Campo Grande registra uma fase atual importante no desenvolvimento do artesanato sul-mato-grossense. É possível identificar uma recente diversificação dos espaços para a produção e venda dos trabalhos feitos pelos artesãos. São peças que sintetizam diferentes expressões e identidades de pessoas que nasceram na região ou que plantaram suas raízes nessa generosa terra. Mais especificamente trata-se de destacar as diferentes feiras que estão sendo realizadas em espaços públicos, com apoio de órgãos públicos e de associações de classe.

            São eventos regulares que movimentam o final de semana da população, com rica programação cultural, valorizando os artistas locais, proporcionando opções de lazer saudável e oportunidades de negócio para as pessoas que trabalham com as mãos, prestam serviços ou trabalham no campo da gastronomia.

            Além da dimensão cultural, preenchida pelas diferentes vertentes do artesanato, o fenômeno ocorre também em outras cidades, sobretudo, após os difíceis momentos de isolamento social imposto pela recente pandemia. Nada melhor do que um bom passeio ao ar livre, do contato direto com as diferentes pessoas e da oportunidade conhecer a arte exercida por quem trabalha com as mãos, preservando saberes de outros tempos, por vezes, enriquecidos e transformados com tecnologias atuais. O artesanato é uma das mais antigas atividades realizadas pelo ser humano e sua essência consiste na arte e técnica de transformar materiais em objetos para compor a vida, enfeitar ambientes, resolver um problema ou exercitar a fé.

            Por esses e outros motivos a população tem prestigiado e frequentado as feiras da Praça da Bolívia e do Bosque da Paz, realizadas respectivamente no segundo e no terceiro domingo de cada mês. Essa dimensão cultural está prestes a ser ampliada com a inauguração da “Feira de Empreendedorismo e Economia Criativa”, anunciada para o próximo dia 7 de maio, na Chácara Cachoeira, a ser realizada no primeiro domingo de cada mês. Além dessas feiras mencionadas, várias outras estão sendo realizadas em bairros de Campo Grande, ampliando esse tecido cultural que entrelaça serviços, colecionadores, antiquários, artesanato e gastronomia.

            Um olhar mais amplo permite observar que essa expansão de oportunidades no campo do artesanato conta com políticas públicas, municipal, estadual e federal, bem como com organizações de classe que valorizam esse importante setor da economia e do empreendedorismo. Além do setor público e institucional esse movimento de valorização do artesanato mostra uma mudança de postura em favor da preservação do meio ambiente e de um consumo mais consciente que questiona a produção em série automatizada e busca um cenário de produção mais transparente e humano.

            Além de tudo isso, exercer uma atividade artesanal regular serve para baixar o grau de ansiedade, relaxar a mente, impulsionar bons pensamentos e exercitar a motivação para melhor viver. Atitudes psicológicas e mentais hoje tão necessárias para superar os desafios da sociedade das tecnologias digitais, do grande consumo e correria da vida contemporânea. Assim, vida longa ao artesanato sul-Mato-grossense cuja identidade entrelaçada culturas indígenas, latino-americanas e dezenas de outras etnias que participam da construção coletiva desse grande Estado.

Luiz Carlos Pais 

Professor aposentado e artesão que trabalha com couro.

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