Rapidinha? Mulheres têm mais dificuldade de gozar em transas rápidas

Sexóloga explica o que há por trás do fato de mulheres terem menos facilidade de chegar ao ápice do prazer do que homens

A clássica rapidinha costuma dar tesão em muitas pessoas, mas o prazer nem sempre mora na pressa. Uma pesquisa publicada pela revista acadêmica Sexual Medicine apontou que a diferença entre a quantidade de orgasmos em uma relação é influenciada pela idade, gênero e orientação sexual da pessoa.

A pesquisa exemplificou a disparidade quando o assunto é a satisfação na cama entre diversos grupos: homens e mulheres; e heterossexuais e homossexuais. O estudo mostrou que as mulheres atingem menos o clímax que os homens. Eles chegam lá em média 20% mais vezes do que elas quando comparados os mesmos grupos sociais e etários. E o sexo estilo “fast-food” pode ter a ver com isso.

Há até um termo para o déficit de orgasmo da mulher: “lacuna do orgasmo” (ou orgasm gap, em inglês), que se refere à disparidade na frequência de orgasmos entre homens e mulheres durante relações sexuais heterossexuais.

A sexóloga Alessandra Araújo aponta que, na maioria das culturas, o prazer masculino historicamente recebeu mais atenção e foi visto como o “fim” do ato sexual, enquanto o prazer feminino nem sempre foi priorizado.

“Além disso, o desconhecimento ou a falta de atenção às preferências das mulheres pode contribuir para essa disparidade. Com uma educação sexual mais abrangente e uma maior conscientização sobre a importância do prazer feminino, é possível diminuir essa lacuna e criar relações mais satisfatórias e equilibradas para ambos os parceiros”, defende a profissional.

Mais qual o “problema” das rapidinhas?

Para muitas mulheres, o orgasmo depende de uma série de fatores, que incluem tanto a estimulação física quanto a preparação mental e emocional.

“No caso das ‘rapidinhas’ — ou seja, relações sexuais mais curtas —, essas necessidades podem ser negligenciadas. Algumas das principais dificuldades incluem a falta de tempo para a excitação adequada, que é crucial para que muitas mulheres atinjam o orgasmo”, comenta.

Nem todo prazer de uma transa precisa estar voltado para os “finalmentes”, porém, uma troca sexual deveria ser boa para todos os envolvidos. “Diferentemente de muitos homens, que podem ter um ciclo de excitação mais rápido, o corpo feminino geralmente necessita de um pouco mais de tempo para entrar no estado de excitação ideal”, exemplifica a especialista.

Além disso, muitas das “rapidinhas” focam na penetração, deixando de lado a estimulação clitoriana, fundamental para a maioria das mulheres atingirem o orgasmo.

Outro ponto destacado por Alessandra é o ambiente mental: com o tempo mais curto e o foco na rapidez, algumas mulheres podem não conseguir relaxar o suficiente para se envolver plenamente na experiência.

Como diminuir a lacuna do orgasmo?

Para aumentar a quantidade de orgasmos que uma mulher experimenta, é fundamental adotar uma abordagem centrada no prazer e no respeito ao ritmo e às preferências individuais.

O clitóris é uma área extremamente sensível. É lá em que a maioria das mulheres sente mais prazer. Incorporar a estimulação clitoriana — manual, oral ou com a ajuda de brinquedos — pode aumentar as chances de alcançar o orgasmo.

Comunicação aberta

Falar sobre o que proporciona prazer, o que se deseja experimentar e como o parceiro pode ajudar é essencial para uma vida sexual satisfatória.

Tempo e conforto emocional

Dedicar mais tempo às preliminares e criar um ambiente de confiança e intimidade emocional pode facilitar o caminho para múltiplos orgasmos.

Exploração e autoconhecimento

É importante que as mulheres explorem seus próprios corpos e entendam o que lhes traz prazer. A masturbação é uma ferramenta poderosa para autoconhecimento.

Quebrar mitos e expectativas

Diminuir a pressão por atingir o orgasmo em toda relação e focar na experiência completa do prazer pode, paradoxalmente, facilitar o orgasmo. Quando o orgasmo é visto como a única medida de sucesso, a pressão pode ser contraproducente.

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