Rede Top FM – Entrevista com o ex-prefeito de Campo Grande, Alcides Bernal

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Para encerrar a primeira semana do programa “A Banca”, da Rede Top FM, o entrevistado desta sexta-feira (4) foi o ex-prefeito de Campo Grande, Alcides Bernal (sem partido), que relembrou toda a perseguição que sofreu à frente do cargo, sendo inclusive cassado pela Câmara Municipal, e admitiu que, se for pela vontade da população de Mato Grosso do Sul, pode sair candidata nas eleições gerais do próximo ano.

“Olha, eu não cumpri o meu papel por completo na política. Tive sinceramente a oportunidade que Deus me deu e confesso que eu não completei. Mas eu não sou candidato de mim mesmo. Estou elegível, agora tem um registro de inelegibilidade que é uma barbaridade. Uma pessoa que tem o mínimo de bom senso, não precisa nem ter conhecimento jurídico, não daria, mas foi dado. E vou naturalmente entrar com recurso contra isso aí”, avisou.

Bernal explicou que o Poder Judiciário do Estado é composto por pessoas inteligentes e justas que não deixarão que essa injustiça prepondere. “Você sabe que o caso dos convênios da OMEP e da SELETA foram iniciados na gestão do então prefeito André Puccinelli (MDB), tendo como procurador jurídico Sérgio Fernandes Martins, que depois André indicou para ser o desembargador. Pois bem, esse, portanto isso aí vem desde 1997, se não me falha a memória. Eu entrei em 2013, foi o primeiro prefeito que tomou providência de levantar a situação e organizar o concurso público tão necessário”, recordou.

Ele explicou que a grande maioria das pessoas nomeadas pela OMEP e SELETA trabalhava nas creches e nas escolas municipais. “Só que os políticos aproveitavam para colocar lá alguns dos seus cupinchas. Tinha gente que ganhava R$ 10 mil, enquanto outros ganhavam R$ 12 mil, R$ 14 mil e até R$ 15 mil por mês. Então, o que que eu fiz? O então prefeito Nelsinho Trad, que na época era do MDB, tinha assinado um termo de conduta para acabar com aquilo lá em 2012. Eu entrei em 2013 e mandei levantar toda a situação, detectei os problemas e comuniquei ao juiz e ao promotor de Justiça que eu iria fazer o concurso público”, revelou.

Porém, prosseguiu o ex-prefeito, “o próprio juiz que na sentença falou que o único que realmente tomou providências para acabar com essa situação foi o prefeito Alcides Bernal, me condenou”. “Ele me condenou a cinco anos de inelegibilidade e a pagar uma multa de R$ 1 milhão, sendo que eu fui o prefeito que levantou a situação e realizou o concurso, entregando em 2016 a situação resolvida. Só o que o ex-prefeito Marquinhos Trad (PDT) tinha de fazer era pagar a rescisão trabalhista”, garantiu.

Alcides Bernal completou que pretende ouvir a população para saber se deve ou não sair candidata a algum cargo eletivo no próximo ano. “Se a população disser: Alcides Bernal, saia candidato, eu serei candidato e com a vontade popular respeitada. Nós vamos ganhar a eleição para tirar essa casta que tá aí tomando conta do nosso governo, do nosso do nosso dia-a-dia. Não sou contra o governador Eduardo Riedel (PSDB), não sou contra o ex-governador Reinaldo Azambuja (PSDB), não sou contra ninguém, mas eu sou a favor de Mato Grosso do Sul e a favor da população. Eu acho que a política a ser praticada tem que ser a boa política”, afirmou.

Vitória no voto

Ainda durante a entrevista, o ex-prefeito recordou de como conseguiu vencer a hegemonia do MDB à frente da Prefeitura de Campo Grande. “Venci a eleição de forma simples e objetiva, sendo uma demonstração clara, concreta e indiscutível de que o modelo que vinha vigendo no nosso Estado há mais de três décadas estava totalmente esgotado. A população via e ouvia propaganda, ouvia discursos, lideranças comunitárias, lideranças políticas falando uma coisa que, na realidade, não era a verdade”, lembrou.

Ele recordou que o município passava por uma disfunção social em que a propaganda era totalmente irreal tanto na saúde, quanto na infraestrutura e no serviço de assistência social. “Servia apenas para o enriquecimento de uma casta política que dominava, seja através dos seus antepassados, era bisavô, avô e depois entrava o filho, com um discurso arcaico, velho, ultrapassado, cheio de coisa fedorenta, coisas como corrupção, lavagem de dinheiro, desvio de recursos públicos e sempre mais dos mesmos”, argumentou.

Bernal completo que aí apareceu um pantaneiro que veio para Campo Grande estudar Direito e participou da política estudantil, sendo que, apoiado pelas pessoas, se candidatou e venceu a eleição. “Eu disse, agora é a minha vez, disputei eleição, apresentei as minhas propostas, que era de priorizar as pessoas que são realmente aquelas que devem ser o objetivo de uma boa política, não obras malfeitas, obras não pensadas, a não ser no sentido de aproveitar e tirar um quinhão, levar para o seu bolso”, criticou.

Para o ex-prefeito, na época, os políticos e os empresários formaram uma organização criminosa, que foi descoberta pela Polícia Federal e pelo Gaeco (Grupo de Apoio e Combate ao Crime Organizado) e condenada pelo Poder Judiciário. “O Poder Judiciário do Estado é composto em sua grande maioria por juízes e desembargadores de primeira grandeza com o ‘A’ de autoridade em letra maiúscula. O Ministério Público, da mesma forma, está aí cumprindo o seu papel, fazendo o que deve fazer. Lógico que, como também o Judiciário, tem suas frutas podres, mas a grande maioria é composta por pessoas competentes, estudiosas, intelectuais de primeira grandeza e, acima de tudo, fiscais”, assegurou.

Ele declarou que existe um fenômeno social chamado de lawfare que já foi detectado pela ciência em vários lugares. “O que é isso? É a utilização das leis, das instituições, dos poderes para destruir o seu adversário. Ou seja, antigamente usavam revólver, espingarda e metralhadora. Hoje não, eles plantam seus representantes nos órgãos mais importantes da sociedade e cada um tem sua tarefa, seu momento de agir. Um atua no fake news, falando mal para destruir a honorabilidade da pessoa, outros contratam locutores para ficarem falando mal da pessoa e inventando situações”, declarou.

Bernal lembrou dos vereadores, que foram eleitos para representar o povo, no entanto, ao assumirem o mandato, “esqueceram do povo e passaram a pensar só nos interesses mesquinhos, próprios, sujos, fedorentos, próprios daqueles que são membros de uma organização criminosa”.

“Vejam só, 23 vereadores, passaram por cima de mim como se fossem um trator dos 450 mil votos que eu obtive somando os votos do primeiro turno com os votos do segundo turno. Inventaram acusações que repercutiam seja na mídia como também nas redes sociais. Essa história de que eu inventei contratos emergenciais, enfim, todas essas acusações já foram julgadas na Justiça e todas elas foram declaradas improcedentes”, revelou.

O ex-prefeito ressaltou que em março de 2014 os 23 vereadores estavam negociando o voto por R$ 1 milhão para cassar o seu mandato. “Eles falaram assim, ó, tem que tirar esse homem lá da Prefeitura porque senão ele é capaz de sair na Afonso Pena pelado e o povo ainda vai votar e eleger ele governador”, ironizou, completando que a PF e o Gaeco descobriram que aquela cassação era um dos objetivos da organização criminosa. “Cada um dos vereadores tinha uma tarefa cumprida e recebeu uma vantagem indevida para, assim, proceder”, lamentou.

Conforme o ex-prefeito, os 23 vereadores se juntaram a um sujeito que é um impostor e usurpou o seu mandato. “Ao final, ele foi julgado e processado. Ele é um corrupto declarado por uma sentença judicial, que certamente já pagou um pouquinho do que deve, foi preso, esteve na cadeia, mas ele vai pagar muito mais porque o pior crime que pode existir é usar o santo nome de Deus em vão”, falou, referindo-se ao seu ex-vice-prefeito Gilmar Olarte (sem partido).

Bernal recordou que, em um ano e seis meses, Olarte foi capaz de sumir com R$ 2 bilhões dos cofres da Prefeitura. “Quando eu voltei para a Prefeitura, assumi o comando, levantei os dados, não tinha dinheiro para pagar os funcionários públicos, não tinha dinheiro para pagar os fornecedores de serviços e produtos para a Prefeitura. O nome de Campo Grande estava na lista de restrição de créditos, Enfim, Campo Grande estava enfiado em um buraco imenso, estava para explodir como um vulcão, lançando lavas de escândalos. Aí falaram, devolve para o Bernal que essa bomba vai explodir na mão dele. Só que eles se enganaram”, finalizou.

Assista a entrevista completa pelo link:

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