Confira os avanços no tema e como acessar os serviços especializados ofertados pelo Humap-UFMS
O mês de janeiro, além da cor branca, é simbolizado pela cor lilás, e é voltado para a visibilidade trans. O dia Nacional da Visibilidade Trans é lembrado anualmente no dia 29 de janeiro, desde 2004, quando o ato nacional chamou a atenção para o tema, no lançamento da campanha “Travesti e Respeito”, do Ministério da Saúde. Desde então, o tema tem conquistado mais espaço na sociedade.
O Programa de Atenção à Saúde da População Trans (Paes Pop Trans) da Secretaria de Atenção Especializada à Saúde (Saes), do Ministério da Saúde, anunciou investimentos de R$ 152 milhões até 2028, sendo R$ 68 mi em 2025. A estimativa é de 36 serviços ambulatoriais e 23 serviços cirúrgicos habilitados para 2025 e a ampliação para 153 serviços ambulatoriais e 41 serviços cirúrgicos habilitados até 2028.
O Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian, da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (Humap-UFMS), administrado pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), possui o único ambulatório de referência no processo transexualizador no estado de Mato Grosso do Sul. Em junho do ano passado (2024), o Humap-UFMS foi habilitado pelo Ministério da Saúde como centro de Atenção Especializada no Processo Transexualizador, na modalidade ambulatorial.
A assistente social Patrícia Ferreira da Silva atua diretamente no acolhimento desses pacientes e conta que a habilitação trouxe mais visibilidade para o Ambulatório: “Tivemos uma busca maior pelo serviço. Em 2024, tivemos 144 pacientes novos”. No ano de 2023, o ambulatório registrou 459 atendimentos/procedimentos, entre consultas iniciais e retornos com especialistas. Já no ano passado, foram 1.290 atendimentos.
“Para mim, a crescente procura pelo Ambulatório Trans traz a demonstração do avanço no atendimento a esta população em Mato Grosso do Sul, e demonstra a importância de garantirmos a saúde integral de mulheres trans, homens trans e pessoas não binárias, que têm direito ao acompanhamento integral. É preciso garantir os direitos por muitas vezes inviabilizados”, comenta Patrícia Silva.
Caminhos do SUS
O paciente que deseja atendimento no Ambulatório deve ser encaminhado pela atenção primária, por meio de atendimento inicial nas unidades básicas de saúde do seu município. O paciente encaminhado será agendado via sistema de regulação para acolhimento no Ambulatório Trans.
O médico responsável técnico pelo Ambulatório, Ricardo Gomes, explica como funciona o atendimento: “Primeiro, temos o acolhimento com a assistente social. Depois, todos passam comigo, como médico clínico. Como médico ginecologista, acompanho a hormonização das mulheres trans e nosso urologista acompanha a dos homens trans”. O Ambulatório também conta com o atendimento de fonoaudiologia, psiquiatria, mastologia, além de enfermeira, farmacêutica de apoio, e participação das respectivas residências médicas, contemplando a importância da formação desses profissionais para atendimento da população trans.
Próximos passos
O Humap-UFMS realiza cirurgias de mastectomia masculinizadora nos homens trans desde 2019. De 2021 a 2023, foram realizados em torno de 14 procedimentos. A procura vem aumentando. Só no ano passado, a mastologista Raquel Cristina Rodrigues realizou 14 cirurgias de mastectomia masculinizadora, sendo estes pacientes procedentes de várias cidades de Mato Grosso do Sul. Para este ano, já há cirurgias programadas.
“Para este ano, estamos programando a realização da primeira histerectomia total, e assim iniciaremos a série histórica de novos procedimentos cirúrgicos, para possibilitar acesso aos homens trans na continuidade do seu processo de transição. Pretendemos, futuramente, com essas ações, habilitar o Humap-UFMS no processo transexualizador na modalidade hospitalar”, finaliza a assistente social.
Rede Ebserh
O Humap-UFMS faz parte da Rede Ebserh desde dezembro de 2013. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo em que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Redação: Pollyana Freitas com revisão de Vanda Laurentino.